Aos visitantes da Cachoeira da Toca em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, Maria Antonieta, de 48 anos, faz sempre o mesmo alerta. ?Pode descer, mas cuidado para não tropeçar nos canos, hein! Depois vocês vão embora, e quem fica sem água somos nós?, alerta a dona de casa, que diz ter conseguido, ?há alguns anos?, a posse de um terreno a 30 metros de um dos principais pontos turísticos da ilha, em área de preservação.

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O emaranhado de tubulações que cruza a cabeceira da cachoeira e passa ao lado dos três cômodos de Antonieta é o maior obstáculo a ser vencido pelos turistas na pequena trilha de terra, na parte norte da ilha. Pelos canos cheios de remendos são captadas centenas de litros de água, usadas todos os dias pelas 30 famílias que estão em uma área invadida, ao lado da cachoeira. ?Pode ver que as piscinas naturais formadas pelas pedras estão bem mais rasas, toda casa nova aqui pega água da cachoeira?, observa Antonieta.

A mesma água que entra limpa, nos barracos construídos em invasões espalhadas ao longo de cursos d?água na Ilhabela, volta poluída com esgoto doméstico às cachoeiras e córregos afluentes do mar, em um ciclo semelhante ao que já destruiu inúmeras praias e mananciais paulistas e agora ameaça a preservação do município litorâneo – dos 347 km² de Ilhabela, 90% deles são formados por mata nativa, incluindo nessa área 14 quilômetros de praias e 369 cachoeiras.

Com um déficit de 800 moradias e 15 novos hectares invadidos em áreas de preservação entre 2000 e 2007, incluindo territórios dentro do Parque Estadual, segundo recente levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ilhabela é vítima de uma urbanização motivada, desde os anos 90, pela migração de mineiros e baianos que procuram emprego no corte de pedras de granito e na construção civil. Na última década, a população do município cresceu 12% ao ano, índice que caiu em 2007 para 3,86%, ainda maior que a média de 1,5% do Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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