Pelo menos 60 banhistas que frequentaram a Praia da Tartaruga, em Búzios, na Região dos Lagos fluminense, foram atendidos no Hospital Municipal Dr. Rodolpho Perissé com sintomas de intoxicação. Na manhã desta sexta-feira, 21, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente interditou a praia para uso e visitação desde o acesso na Avenida José Bento Ribeiro Dantas, a 1 km de distância.
“Orientamos as pessoas a não frequentarem a praia porque a substância se decompõe muito rápido. De ontem (quinta) para hoje (sexta), a mancha já sumiu da água, mas ainda é possível sentir o produto químico no ar”, afirmou o secretário de Meio Ambiente e vice-prefeito de Búzios, Carlos Alberto Muniz. Lançada longe da costa, a substância ainda não identificada chegou à orla pelas correntes marinhas.
Por volta das 19h de quinta-feira, 20, a Secretaria de Saúde constatou que dezenas de banhistas, entre crianças, idosos e estrangeiros, chegavam ao hospital com náuseas, irritação nos olhos e problemas nas vias respiratórias que variaram de dor de garganta a quadro de bronquite. Por causa da pequena estrutura do hospital, alguns pacientes tiveram que ser levados para hospitais de cidades vizinhas.
A principal hipótese para a intoxicação é que um navio que ficou atracado na orla de Búzios até quinta, tenha despejado no mar um produto usado na caixa coletora de banheiros químicos para evitar mau cheiro. O navio seguia em direção ao Rio. Na Praia da Tartaruga não há banheiros químicos.
Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) encontraram manchas nas pedras perto da praia com tonalidade alaranjada e aspecto oleoso, o que reforça a hipótese de produtos químicos. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente descartou a possibilidade de que o produto seja esgoto porque a água não tinha mau cheiro e permanecia com a aparência normal.
Duas amostras da água foram recolhidas, uma no fim da noite de quinta e outra na manhã de sexta, e serão analisadas em caráter de urgência. O laudo ficará pronto na próxima quarta-feira, 26.
Guardas municipais e ambientais orientam e informam frequentadores sobre a interdição. Donos e funcionários de quiosques e os poucos moradores da Praia da Tartaruga também foram orientados a deixar o local e não atender turistas.
O secretário Muniz esteve no hospital e conversou com os banhistas. Eles contaram que a mancha era contínua e tinha 150 metros de comprimento e 40 metros de largura. Pela manhã ele esteve na Praia da Tartaruga e apresentou os mesmos sintomas dos banhistas.
“Os banhistas disseram que a mancha tinha uma substância pegajosa, que flutuava e exalava um cheiro forte. Eles reclamaram de gosto metálico e contaram que sentiam ardência nos olhos e desconforto nas vias respiratórias quando mergulhavam”.
Segundo o secretário, no verão de 2013 uma mancha semelhante apareceu na Praia de Manguinhos, mas por causa da rápida decomposição, na época os técnicos não conseguiram identificar a substância. Nos dois casos só havia um navio atracado em Búzios, mas a quantidade de pessoas afetadas na Praia da Tartaruga foi maior.
“Ninguém vai para uma praia paradisíaca para ser atingido por produtos químicos. Esse episódio desgastou a imagem do município e pode ter impactos na quantidade de turistas que visitam a cidade. Vamos apurar as causas e processar os responsáveis”, afirmou Muniz. Ele afirmou que “o causador do desequilíbrio” pode receber multa (entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão) e o comandante do navio poderia ser preso pela poluição.