As negociações sobre a retomada da Rodada de Doha, que discute o fim das barreiras ao livre comércio, envolvem mais interesses político-eleitorais que econômicos, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista coletiva em Zurique, na Suíça.
?Sinto que há interesses e que todo mundo tem um cuidado político. O que hoje está em jogo não é mais a questão econômica, o que está em jogo hoje é o que representam os eleitores nos países que estão na mesa de negociações. Todo mundo está olhando muito mais para as próximas eleições do que para a quantidade de dinheiro que está em jogo nas negociações?, disse o presidente.
No mês passado, durante viagem à Nova York, Lula defendeu que as negociações precisam estar fechadas antes da eleições norte-americanas, que ocorrem no ano que vem. "O mundo não pode esperar as eleições americanas?, afirmou o presidente, na ocasião.
Na entrevista concedida hoje, Lula disse estar otimista em relação ao andamento das negociações. ?Se tivesse um concurso, eu estaria entre os três seres humanos mais otimistas com relação à Rodada de Doha.?
O presidente Lula disse ainda considerar normal que cada país queira defender seus interesses nas negociações ?com unhas e dentes?. Mas, na avaliação dele, será difícil construir um acordo em que todos ganhem.
?Acho difícil, é difícil fazer um acordo onde ninguém perca. O que acho normal é que nessa escala a gente leve em consideração que os países ricos vão ter que fazer milimétricas concessões. Os países em desenvolvimento terão que fazer outras concessões e os ganhadores precisam ser os países mais pobres. Se isso for ajustado, e no discurso político já tem concordância, penso que podemos concluir o acordo?.