Deixar a Fundação Casa nem sempre é sinal de plena liberdade. Anderson Felipe Pereira de Carvalho, de 23 anos, é um dos muitos jovens egressos do sistema socioeducativo brasileiro. Pai de cinco filhos, ele foi acolhido pelo Instituto Papel de Menino (IPM), na Grande São Paulo, que trabalha para garantir a valorização pessoal e o resgate aos vínculos familiares dos que cumprem medidas socioeducativas na Fundação Casa (antiga Febem).
Na instituição, a ressocialização é feita por meio de educação, arte, cultura e qualificação profissional. Criada em 2008, a ONG atua em três unidades do Complexo de Franco da Rocha, interior do Estado.
Diretora da instituição, Silvana Goulart, de 46, conta que, por ano, são atendidos, em média, 500 jovens, além das famílias. Os jovens aprendem a reutilizar embalagens de papel sulfite para confeccionar bolsas sustentáveis. As embalagens são doadas por uma empresa parceira. Além disso, a ONG oferece curso de barbearia.
Outro projeto é a criação da padaria-escola, que oferecerá cursos na área, garantindo oportunidades de emprego para os jovens reclusos. “Quando o menino ganha liberdade, recebe atendimento psicológico e acompanhamento, em conjunto com a família. E a partir daí, é encaminhado para o mercado de trabalho”, diz Silvana.
Carvalho conta que atravessar o preconceito na busca por emprego foi um dos maiores desafios. “Por pouco, não me tornei mais um que reincidiu para o crime. Havia um desejo em mim de sair daquele lugar (Fundação Casa) e mudar de vida.”
O chefe dele, Luciano Amorim, de 40, diz que a contratação significa dar oportunidade de ressocialização. “Nós, empresários, precisamos dar um voto de confiança.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.