A construção de uma ponte ligando as cidades de Santos e Guarujá, no litoral do Estado de São Paulo, está mais próxima de se tornar realidade. A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, informou ter entrado com pedido de licença ambiental para a obra nos órgãos ambientais de São Paulo.
Reivindicada há quase um século por turistas e moradores da Baixada Santista, a ponte é apontada com importante para melhorar o acesso ao principal porto da América Latina e eliminar um dos principais gargalos logísticos do Estado.
Nesta segunda-feira, 24, a Cetesb, agência ambiental do Estado de São Paulo, confirmou ter recebido o pedido de licença prévia do empreendimento, que se encontra em análise técnica. Conforme a Ecovias, já foram desenvolvidos os estudos da nova ponte, inclusive os projetos funcional e executivo, com valores e prazos de execução.
A licença ambiental segue em paralelo à análise pela Artesp. Como a obra não está prevista no contrato de concessão do sistema operado pela Ecovias, sua execução às expensas da concessionária depende do reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. Uma das possibilidades pode ser a extensão do prazo da concessão.
Conexão vem sendo prometida há décadas
Uma interligação mais eficaz entre as duas margens do Porto de Santos – uma na cidade de Santos, na Ilha de São Vicente, e outra no Guarujá, na Ilha de Santo Amaro – vem sendo estudada e prometida há décadas. Atualmente, o percurso por terra de uma margem à outra é de cerca de 45 quilômetros. O projeto da Ecovias prevê 7,5 quilômetros de obras de arte, entre ponte e viadutos, a um custo estimado de R$ 2,9 milhões.
Conforme o estudo, a ponte começa na chegada a Santos pela Via Anchieta, na altura do km 64, cruza o estuário na altura do bairro Alemoa, passando pela Ilha do Barnabé, e chega do outro lado na rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), quase no acesso à Rio-Santos. O projeto foi apresentado ao Conselho de Autoridade Portuária (CAP), órgão consultivo da administração do Porto de Santos, e encaminhado à Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
A obra, com o atual formato, começou a ser desenvolvida no ano passado, quando o então governador Márcio França (PSB), autorizou a Ecovias a trabalhar no projeto. Em fevereiro deste ano, o governador João Doria (PSDB) deu aval à ponte.
Além de facilitar a chegada de cargas ao porto, a ponte vai melhorar a mobilidade urbana na Baixada Santista. Atualmente, os quase 800 mil moradores usam balsas para se deslocar entre as duas cidades – a alternativa é percorrer 45 km pela Cônego Domênico Rangoni, pagando pedágio. O movimento previsto será de 26 mil veículos por dia, conforme estudo da Ecovias.
A ponte terá 85 metros de altura no vão principal e 325 m de largura entre os pilares. A Secretaria de Logística e Transportes do Estado informou, em nota, que está empenhada em concretizar a ligação seca entre Santos e Guarujá. “A SLT, Artesp e Codesp seguem em tratativas para definir o melhor projeto para a região e análise da ponte nos planos de expansão do Porto de Santos. No momento, a construção da ponte está em análise na Artesp e aguarda licença ambiental”, informou. A Artesp confirmou que analisa o projeto.
Incluída no Plano Regional para Santos, elaborado na década de 1940 pelo engenheiro Prestes Maia, a ligação seca entre Santos e Guarujá sempre esteve em planos de governo das administrações estaduais, mas nunca saiu do papel. O primeiro projeto de que se tem notícia remonta a 1927, quando o engenheiro arquiteto Enéas Marini se propôs a construir um túnel de 900 metros sob o canal da região portuária de Santos, atingindo o então distrito de Guarujá.
Em 1970, o governador Roberto de Abreu Sodré anunciou a construção de uma ponte, o que também não aconteceu. Em março de 2010, o então governador José Serra (PSDB) chegou a apresentar, na Pronta da Praia, em Santos, uma maquete da futura ponte entre Santos e Guarujá.
O complexo de 4,6 km, com 1 km de ponte estaiada, foi anunciado como o fim da travessia por balsas, “um dos maiores gargalos do transporte na Baixada Santista”. O projeto, orçado em R$ 700 milhões e previsto para ser executado em 30 meses, não saiu do papel.
Em janeiro do ano seguinte, a Ecovias chegou a apresentar ao governo paulista seu primeiro estudo para a obra. A ponte teria 4.580 metros de extensão, ligando o cais do Saboó, em Santos, e a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera-Guarujá), na Ilha do Barnabé. O projeto não seguiu adiante.
Em agosto de 2011, já sob a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), foi anunciado outro projeto: a ligação entre Santos e Guarujá seria feito, não mais por uma ponte, mas por um túnel, a um custo estimado em R$ 1,3 bilhão. Em meados de 2016, Alckmin afirmou que, embora a obra fosse importante, o governo estadual não tinha dinheiro para realizá-la.