Brasília
– De acordo com o comitê de receitas da Comissão Mista de Orçamento, as novas e mais altas estimativas de inflação devem proporcionar um ganho de arrecadação da ordem de R$ 9 bilhões que pode ajudar na elevação do salário mínimo. O próprio líder do PT na comissão, deputado Jorge Bittar (RJ), admite que a inflação se reflete mais sobre a receita indexada do que sobre as despesas, o que gera um ganho para os cofres públicos.Ontem, o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), tentou desfazer as expectativas criadas sobre o aumento do mínimo a partir da receita inflacionária. Segundo ele, o orçamento precisa ser analisado em conjunto, avaliando os efeitos da inflação sobre receitas e despesas. “Orçamento não é uma coisa simples: precisa avaliar começo, meio e fim. Só vamos nos pronunciar no momento em que tivermos segurança para informar o valor do salário mínimo”, sinalizou Cunha, ao deixar a reunião da bancada.
A estratégia de adiar a decisão sobre o mínimo também já ganhou a adesão de partidos aliados que até a semana passada vinham criticando a posição do PT sobre o assunto. “Não adianta discutir o salário mínimo agora se a definição ocorrerá em um segundo tempo”, alegou o deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ). Segundo ele, é preciso acompanhar a evolução da economia nos primeiros meses do próximo ano para decidir qual será o valor do novo mínimo.
O próprio presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), endossou e o discurso da cautela usado pelo PT para adiar seu posicionamento. “Todos nós temos intenção de dar o maior aumento possível, mas é preciso encontrar fontes de receita. Não se pode criar uma expectativa com uma receita ilusória”, disse o tucano.
Uma das alternativas avaliadas pelo comando petista é parcelar o aumento do mínimo em duas vezes, confirmou o deputado Eduardo Campo (PSB-PE). Dessa forma, o salário poderia ser elevado para R$ 220 em maio e R$ 240 só em outubro,.