continua após a publicidade

Foto: J. Batista/Agência Câmara

Moroni Torgan, da CPI das Armas: vazamento confirmado.

O depoimento do diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Godofredo Bittencourt Filho, realizado em sessão reservada da CPI do Tráfico de Armas, na quarta-feira da semana passada, foi gravado e vendido às lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação foi dada ontem pelo Departamento de Polícia Legislativa da Câmara (Depol). Segundo o Depol, a gravação teria sido feita e vendida por um funcionário que presta serviços à Casa.

De acordo com o Departamento de Polícia Legislativa, as declarações feitas pelo delegado Rui Ferraz (que atua contra o crime organizado) na CPI que apura o tráfico de armas no País também foram gravadas. O conteúdo dos dois depoimentos foi mostrado ao preso Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC. ?O que é grave é que tem PCC no Congresso?, afirmou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), integrante da CPI do Tráfico de Armas e vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara. Bittencourt teria contado, segundo o deputado, que na sexta-feira, quando interrogou Marcola, o preso reproduziu as declarações que ele mesmo havia feito na comissão em sessão reservada dois dias antes. ?Marcola ainda ironizou a polícia?, disse o deputado.

Na quarta-feira passada, Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz foram à CPI do Tráfico de Armas e identificaram dois advogados do PCC no plenário da comissão, onde seria realizada a audiência. Por isso, a sessão, que era pública, se tornou fechada – apenas parlamentares e assessores da comissão puderam permanecer. Os advogados, segundo o deputado Faria de Sá, protestaram por serem retirados da sala.

continua após a publicidade

O vazamento das declarações foi confirmado ao presidente da CPI do Tráfico de Armas, deputado Moroni Torgan (PFL-CE). Ele afirmou que todas as providências foram tomadas. ?Houve uma investigação pela polícia de São Paulo que chegou ao funcionário responsável pela gravação -um terceirizado?, disse. ?O funcionário já foi ouvido e teria confirmado a venda da fita?, segundo Torgan.

Deputados da CPI do Tráfico de armas afirmaram que a cópia das declarações do diretor do Deic, Godofredo Bittencourt Filho e do delegado Rui Ferraz à CPI, na quarta-feira passada, foi vendida por R$ 200, inicialmente. Segundo os deputados, no depoimento à Delegacia de Polícia Legislativa, o funcionário que vendeu a cópia do depoimento aos advogados do PCC, Artur Vinícius Pilastres Silva, ainda receberia mais pelo serviço.

continua após a publicidade

Mas o valor ainda estava sendo negociado por meio de trocas de e-mail. Os deputados avaliam que esse vazamento provocou os distúrbios em São Paulo iniciados na sexta-feira passada. Isso porque, segundo eles, Bittencourt Filho antecipou à CPI que haveria transferência de presos e que a Polícia estava se preparando para enfrentar rebeliões no domingo, Dia das Mães.

Segundo o relato desses mesmos deputados, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, chegou a conversar com Bittencourt Filho, por telefone, enquanto ele estava na CPI. Os advogados do PCC são Sérgio Weslei da Cunha e Maria Cristina de Souza Rachado. Segundo o relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o funcionário gravou o depoimento da sessão reservada em um pendrive, se encontrou com os advogados em um shopping, em Brasília, e reproduziu a gravação em um CD.

?Guerra? já fez 147 mortos

São Paulo (AE) – A onda de ataques iniciada na noite de sexta-feira passada, em São Paulo, deixou 41 policiais, quatro civis e 93 possíveis agressores mortos no estado de São Paulo, informou o governo estadual no fim da tarde. Com isso, sobe para 138 o número de mortos nos ataques. Somando-se os 9 presos mortos durante rebeliões, o número vai para 147.

Dos 138, 23 eram policiais militares, 7 policiais civis, 3 guardas municipais, 8 agentes de segurança penitenciários, além de 4 cidadãos comuns. Segundo o balanço do governo, foram 281 ataques, 82 deles a ônibus, 17 a bancos ou caixas eletrônicos, um ataque a uma estação do Metrô e um ataque a uma garagem de ônibus. Também ocorreram 54 ataques a residências de policiais. Foram presos 122 suspeitos e apreendidas 134 armas.