Índios reclamam a Tarso que foram ignorados por Lula

O ministro da Justiça, Tarso Genro, se reuniu neste sábado (31) com lideranças indígenas de todo o Brasil presentes no Fórum Social Mundial, em Belém, no Pará. Durante cerca de uma hora, na Tenda dos Povos Indígenas, num clima exaltado, ele ouviu muitas reclamações.

Logo na abertura do encontro, o presidente da Coordenação das Organizações das Nações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã, reclamou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que o presidente se recusou a receber uma delegação indígena durante o tempo em que esteve em Belém para o Fórum.

“O Lula falou com os presidentes de outros países, mas não nos recebeu. Fomos lesados”, disse Apurinã, referindo-se ao encontro que o presidente teve com os colegas Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador). Mais adiante, um representante dos xavantes do Mato Grosso voltou a lembrar o fato. “O presidente não quis ouvir nossas lideranças.”

Os índios foram um dos principais destaques da nona edição do Fórum, que teve a questão da preservação amazônica como um seus dos temas centrais. Na reunião com o ministro da Justiça, eles reclamaram principalmente da demora nos processos sobre demarcação e invasão de suas terras por garimpeiros e madeireiros. Também se manifestaram contra o desmatamento, o avanço da pecuária em terras amazônicas, os projetos de construção de hidrelétricas nos rios Madeira e Tocantins e a precariedade do atendimento na área da saúde.

Tarso foi aplaudido ao responder que o governo está providenciando o controle do atendimento médico, hoje nas mãos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para a Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça. Ele também lembrou a polêmica da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada em Roraima, que será definida em fevereiro ou março pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o ministro, se a área for demarcada de forma contínua, como querem os índios e a Funai, será uma vitória jurídica e política. “Nós então poderemos partir para políticas ainda mais ofensivas, mais completas, na defesa das comunidades indígenas.”

Manifestações

Na saída do encontro, no campus da Universidade Federal Rural do Pará, o carro do ministro passou ao lado de uma animada marcha, com centenas de jovens, em defesa da legalização da maconha. Alguns levavam nas mãos mudas de Cannabis sativa – a planta a partir da qual se produz a maconha. Um pouco antes havia sido a vez do grupo Vegetarianos em Movimento, que se manifestou contra a morte de animais para o consumo humano.

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