Atraídas pelo dinheiro do vale-alimentação e outras benesses concedidas pelo governo brasileiro, como bolsa-escola, vale-gás e vale-transporte, centenas de índios paraguaios estão se fixando no Brasil. Da etnia caiovás-guarani, eles estão na linha de frente dos grupos que desde o mês passado vêm invadindo fazendas na região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
No país vizinho, os índios não recebem ajuda oficial e contam apenas com o auxílio de organizações não-governamentais. No lado brasileiro, gozam de maior proteção legal e é mais fácil o acesso à terra. A intensa migração já foi constatada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), segundo o administrador regional William Rodrigues. Ele diz que pelo menos 600 índios paraguaios se juntaram aos brasileiros na escalada de invasões de fazendas iniciada em dezembro. ?Como são da mesma etnia, vieram para ajudar os brasileiros, pois eles não reconhecem as nossas fronteiras.?
Para o administrador do órgão em Dourados, Israel Bernardo da Silva, o número de índios paraguaios no País passa de mil e a migração deve-se principalmente à política indigenista brasileira. ?Aqui eles são incluídos no programa de segurança alimentar e logo estão recebendo a cesta básica. Eles vêm atrás desses benefícios.?
No Paraguai, segundo Silva, o projeto Pãy Tawterã, que assiste os índios, é desenvolvido por ONGs e não têm recursos do governo. No Brasil, além da ajuda federal – a Funai coloca veículos para uso dos chefes indígenas -, alguns municípios oferecem vale-transporte. Ele cita Paranhos, cuja prefeitura tem uma política social própria para o índio. Em decorrência, as cinco áreas indígenas tiveram um grande aumento populacional. A corrente migratória intensificou-se depois que a Funai iniciou a remarcação da reserva dos kaiowás na Aldeia de Porto Lindo.
