Índios desafiam governo em MS e RR

A Justiça Federal em Roraima determinou ontem desbloqueio das pistas de acesso à capital, Boa Vista, ocupadas há três dias por fazendeiros contrários à proposta do governo de homologar o território indígena Raposa Terra do Sol. Informados da decisão judicial, os fazendeiros começaram a retirar os tratores e carretas das rodovias.

A sede da Funai, porém, continua ocupada por cerca de 100 índios, que apóiam os fazendeiros. A decisão da Justiça foi em ação do procurador da República em Roraima, Darlan Dias. A maioria dos postos permanece fechada por falta de combustíveis.

Os três religiosos que eram reféns de manifestantes contrários à proposta do governo federal de homologar o território indígena Raposa Serra do Sol, no Noroeste de Roraima, foram libertados anteontem à noite. Os padres Romildo Pinto de França e Cezar Avellaneda e o missionário Juan Carlos Martinez haviam sido retidos na terça-feira. Anteontem à tarde os religiosos deixaram a aldeia Surumu, onde estavam presos, num helicóptero do governo do Estado, que apóia o protesto dos fazendeiros. Só à noite, depois de passar por exames no IML de Boa Vista, eles foram liberados.

A sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) continua ocupada por cerca de cem índios que apóiam os fazendeiros. O governador de Roraima, Flamarion Portela, foi ontem a Brasília conversar com o ministro da Justiça, Marcio Thomas Bastos, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para falar sobre a gravidade do problema.

Grito de guerra

Enquanto isso no Mato Grosso do Sul, numa sala de audiência improvisada em um galpão rural, na Fazenda São Jorge, em Japorã, quase na fronteira do Brasil com o Paraguai, ocupada desde o dia 22 de dezembro pelos caiovás-guarani, o juiz federal Odilon de Oliveira, ouviu ontem uma declaração de guerra dos índios. Eles disseram que não vão desocupar pacificamente as oito fazendas e quatro sítios que invadiram e também não permitirão que funcionários entrem para cuidar do gado e das lavouras.

Os índios deram, ainda, um prazo máximo de 10 dias para que os proprietários retirem gado e bens das suas propriedades. O juiz, que foi à fazenda invadida sem segurança – três viaturas com agentes da Polícia Federal ficaram na estrada de acesso – teve de caminhar mais de 2 quilômetros e dançar com os índios.

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