Índios guajajara derrubaram ontem uma das duas torres de transmissão de energia da Eletronorte que passam pelo interior da reserva indígena Cana Brava, no interior do Maranhão, e agora ameaçam derrubar a segunda. É o quarto protesto dos indígenas na região em menos de seis meses. Desde segunda-feira, a torre só estava de pé graças aos cabos de sustentação, já que os indígenas haviam soltado os parafusos da base da torre. De acordo com a Eletronorte, esses cabos não suportaram o peso da torre e se quebraram. No momento, não há como fazer reparos ou calcular os prejuízos sofridos, já que os índios bloquearam todas as vias de acesso ao local do protesto e impediram a aproximação dos técnicos da empresa.
A ação é um protesto contra a falta de assistência médica na reserva. Os guajajara também exigem a instalação de dois núcleos da Fundação Nacional do Índio (Funai) nas cidades de Barra do Corda e Jenipapo dos Vieiras, a cerca de 50 quilômetros da reserva. A Funai havia se comprometido a instalar o núcleo após uma série de protestos em maio e junho deste ano, que contaram inclusive com ameaças à torre da Eletronorte. Mas o acordo nunca saiu do papel.
Nenhum dirigente da Funai foi à reserva negociar com os guajajara. Eles exigem a visita do presidente da fundação para encerrar o protesto. A Eletronorte, por sua vez, mantém uma equipe de prontidão para instalar uma torre provisória, assim que for possível. A Eletronorte afirmou que não há risco imediato no fornecimento de energia para o Maranhão, mas admitiu que a situação pode ficar perigosa caso os índios cumpram a ameaça de derrubar a segunda torre.