Belém e Brasília (AE e ABr) -Um clima de tensão e revolta tomou conta dos índios mundurucus de Jacareacanga, no oeste do Pará, depois que caciques das 105 aldeias da região divulgaram uma lista com os nomes de 26 crianças e adultos que adoeceram e morreram no ano passado sem que tivessem recebido tratamento rápido e adequado da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Na sexta-feira passada, uma menina de cinco anos foi a nova vítima. Ela morreu com diarréia intensa e desnutrição.

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Quatro adultos e 16 crianças, além de outras seis cujas mães, grávidas, perderam os filhos ainda dentro da barriga aparecem na lista de mortos. Os índios temem que outras mortes ocorram se nenhuma providência for tomada. A maior reclamação é contra a falta de medicamentos nas aldeias e de transporte para remover os doentes para hospitais da região. A Funasa possui apenas um médico para atender sete mil índios.

O órgão é acusado pelo vice-prefeito do município, o índio José Crixi, de só cuidar da saúde e distribuir remédios para aldeias localizadas em municípios governados pelo PMDB do Pará. O padrinho das nomeações para a Funasa no estado é o deputado federal Jader Barbalho.

Reintegração

A justiça federal em Roraima concedeu liminar de reintegração de posse da Fazenda Viseu, na terra indígena Raposa Serra do Sol, à antiga proprietária, a empresa Itikawa Indústria e Comércio Ltda. A área, que mede aproximadamente 2,2 mil hectares, abriga cerca de 90 índios da etnia macuxi. A decisão abre precedentes para outras liminares que esperam julgamento na justiça federal. A situação preocupa organizações indigenistas e os povos que vivem na área. A Raposa Serra do Sol foi homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 15 de abril de 2005 e concentra cerca de 15 mil índios em 152 aldeias. Desde a assinatura do decreto, fazendeiros que ocupam a área tentam permanecer no local por meio de ações judiciais.

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