A Polícia Federal (PF) indiciou, ontem, mais 73 militantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) pela invasão e depredação de instalações da Câmara, no dia 6 dejunho. Eles se juntarão aos 42 líderes da invasão que estão presos, entre os quais, o coordenador Bruno Maranhão.
Os 115 manifestantes participaram de uma reunião na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília, na véspera da ocupação da Casa, ocasião em que deliberaram pelo quebra-quebra e discutiram os detalhes da operação.
A fita com a filmagem da reunião está em poder da PF para ser periciada pelo Instituto de Criminalística (IC). Entre os 73 novos indiciados, consta um casal – Joaquim Ribeiro e Gladys Rossi – que não participou da depredação, mas fez todo o planejamento, até mesmo fazendo a reserva do auditório da Câmara em nome da Contag e convocando 96 militantes dos sem terra para o encontro do dia 4, em que foi decidida a invasão.
Todos os 115 indiciados responderão pelos crimes de lesões corporais contra 38 feridos durante o quebra-quebra, dois deles em estado grave e ainda afastados do trabalho; dano qualificado contra o patrimônio público e privado; formação de quadrilha, e destruição de bem tombado pelo Patrimônio Público.
A polícia nega que tenha havido violação de direitos humanos ou abusos contra os militantes presos. A PF encaminha hoje relatório à Justiça, pedindo a transformação da prisão temporária de 42 ativistas em preventiva, para que continuem detidos até o fim da instrução criminal.
Se o Judiciário não atender ao pedido, os 42 militantes serão libertados nos próximos três dias porque vence neste prazo o período de prisão de temporária.
Maus tratos
A socióloga Suzana de Brito Maranhão, 62 anos, mulher do líder do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Bruno Maranhão, denunciou ontem maus-tratos aos 42 ativistas presos em Brasília pelo ato da depredação da Câmara dos Deputados. Segundo ela, os 33 homens e 9 mulheres detidos no Presídio da Papuda – incluindo Bruno Maranhão – estão há duas semanas sem poder trocar de roupa e estariam sendo transferidos para a mesma ala em que estão os criminosos de alta periculosidade, onde correriam risco de vida. ?Isso é um fato gravíssimo. A gente sabe o que ocorre quando se juntam presos políticos a presos comuns e perigosos?, disse Suzana.