São Paulo
– Cientistas políticos, institutos de pesquisa e candidatos não têm a menor idéia do que pode acontecer na eleição do dia 6. A única coisa segura é que se admite três hipóteses: vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno, segundo turno com Lula e José Serra (PSDB) ou segundo turno com Lula e Anthony Garotinho (PSB). O cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV-SP), Kurt von Mettenheim, disse ontem que não acredita em vitória de Lula no primeiro turno.Segundo ele, as últimas pesquisas indicam que Lula não tem a maioria dos votos e disputará, em igualdade de condições, o segundo turno com o candidato do PSDB, José Serra. Mettenheim não prevê ainda a subida de outros candidatos como Anthony Garotinho, do PSB nas pesquisas de intenção de voto. O cientista político avalia que Serra tem mais chances de chegar à Presidência já que o PSDB congrega um maior número de governadores e líderes regionais.
Já o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, afirmou, que de fato existe uma tendência de aproximação entre os candidatos Serra e Garotinho na disputa pelo segundo lugar na corrida presidencial. “Tanto o Ciro quanto o Garotinho têm condições de ultrapassar o Serra. Vejo tendência de aproximação entre Serra e Garotinho. O Ciro tem tendência de queda. O Serra deve olhar também a ameaça que vem de baixo”, afirma Paulino.
Sem ter outra alternativa, Serra voltou a seguir linha de ataques contra. A polarizaçào acontece depois que as últimas pesquisas apontaram empate técnico entre os dois candidatos. Enquanto isso, Garotinho disse ontem em entrevista ao Grupo Estado, que, se eleito, extinguirá a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Garotinho garantiu que irá para o segundo turno, já tendo ultrapassado os candidatos José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e Ciro Gomes, do Partido Popular Socialista (PPS). O candidato se baseia em pesquisas de seu partido. “É bom que haja um segundo turno entre Garotinho e Lula. Será a garantia de que a oposição ganhará a presidência”, previu.
Ciro Gomes, por sua vez, não se dá por vencido e ataca Lula. Ontem ele comparou o candidato do PT ao ex-presidente argentino Fernando de La Rúa, pressionado a renunciar ao governo, em dezembro do ano passado, em função da crise econômica em seu país. Ciro disse que, a exemplo do que ocorreu com de La Rúa, Lula “está sendo constrangido, e pelo preconceito, está aceitando a bobagem de se comprometer com o receituário do FMI para a América Latina”.
“Foi o que de La Rúa fez na Argentina”, afirmou. “Não duvido da boa intenção do Lula, mas ele está sendo pressionado” disse Ciro, após audiência com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jayme Chemello.