Incra terá de explicar repasse ao MST

Brasília (AE) – O Tribunal de Contas da União (TCU) vai pedir explicações ao Incra sobre o repasse de R$ 6,7 milhões por meio de convênio suspeito de irregularidade, a duas entidades ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). São elas a Associação de Cooperação Agrícola do Estado de Pernambuco (Acape) e a Cooperativa de Prestação de Serviços Técnicos de Assentamentos de Reforma Agrária (Cooptecara), envolvidas em denúncia de malversação de dinheiro público feita pela Procuradoria Jurídica do Incra em Pernambuco.

Conforme a denúncia, o convênio, destinado a assistência técnica a famílias de assentados em Pernambuco, foi celebrado em 2004 com a Acape, renovado em 2005 e revalidado até 2007. O primeiro desembolso, de R$ 1,2 milhão, ocorreu no final do ano passado e os R$ 5,5 milhões restantes estão previstos para serem pagos ao longo deste ano e do próximo.

Após a advertência da Procuradoria, o Incra cancelou o convênio com a Acape e assinou contrato para prosseguimento do trabalho com outra cooperativa ligada ao MST, Cooptecara, indicada pela primeira. Autor do parecer contrário ao convênio, o chefe da Procuradoria Jurídica do Incra no Estado, João Pereira de Andrade Júnior, foi afastado do cargo. A direção do órgão esclareceu que ele saiu ?a pedido?.

Esse é o segundo golpe, em pouco mais de um mês, contra entidades usadas pelo MST para captação de recursos federais. Em dezembro, o TCU já havia determinado a realização de Tomadas de Cotas Especiais para obrigar três entidades ligadas aos sem terra a devolverem cerca de R$ 20 milhões desviados dos cofres públicos. Foram elas a Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca), a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária (Concrab) e o Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), denunciadas em outubro de 2005 pela CPI da Terra como ?laranjas? do MST.

O valor supostamente fraudado foi levantado em auditoria do TCU e corresponde a quase metade do montante de R$ 42,7 milhões repassado as essas entidades desde 1998, sendo a maior parte liberada nos anos de 2003 e 2004 pelo governo Lula. Se o tribunal não se convencer das explicações do Incra, incluirá as duas entidades pernambucanas na tomada de contas especial.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo