“É como se tivessem morrido seu pai, sua mãe e seus filhos, todos juntos, em um desastre”, afirma o geólogo João Vagner de Alencar Castro, que trabalha há 17 anos no Museu Nacional, com a voz embargada, tentando explicar o que sentiu quando viu o Laboratório de Geologia e Sedimentos Marinhos completamente destruído pelo incêndio que varreu a instituição na noite de domingo. “Parecia que o laboratório tinha sido bombardeado. Não sobrou nada, nossa perda foi de 100%.”

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O laboratório guardava duas preciosidades científicas que certamente se perderam, segundo Castro. O mais importante deles é um fóssil de baleia encontrado a 15 quilômetros da costa de Cabo Frio, revelando o alcance do mar no passado. “Esse fóssil é essencial para estudarmos as variações no nível do mar no passado e também fazer projeções para o futuro”, explicou.

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Uma outra amostra preciosa, segundo Castro, era de cinco litros de petróleo retirado do primeiro poço petrolífero escavado no Brasil, em Lobato, no interior da Bahia. “Perdemos a nossa amostra número um de petróleo”, explicou. “Do ponto de vista histórico era uma amostra única, preciosa para todo o setor.”

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Além disso, o laboratório possuía amostras de sedimentos de praias do mundo todo, com destaque para Islândia, Antártica, África, entre muitas outras. “São 17 anos de pesquisas perdidas”, afirmou Castro. “É uma perda inestimável para a geologia marinha e costeira.” AS amostras eram usadas por alunos do mestrado, do doutorado e da iniciação científica do Brasil e também do exterior. Trabalhos que estavam nos computadores também foram destruídos porque o laboratório ficava no térreo e os três andares do prédio desabaram por cima dele.

Segundo Castro, toda a pesquisa terá que ser recomeçada do zero. “É muito difícil,mas não é impossível. Não vamos desistir. Esta semana é de luto, mas a partir da próxima segunda, vamos arregaçar as mangas e voltar ao trabalho.”