Imperatriz e Beija-Flor são as favoritas no Rio

Rio – Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor são as grandes favoritas ao título do Carnaval carioca. Elas levantaram o público com desfile tecnicamente perfeito no segundo dia de apresentação das escolas de samba do Grupo Especial e devem superar Salgueiro e Unidos da Tijuca, as melhores da noite de domingo. A apuração está marcada para hoje, às 15h45.

O encerramento da folia na Marquês de Sapucaí teve um momento dramático, envolvendo uma das escolas mais tradicionais do Rio: a Portela sofreu com incidentes antes e durante o desfile – o maior deles quando o último carro alegórico quebrou na entrada da pista. Numa decisão polêmica, sua diretoria determinou o fechamento do acesso à Passarela do Samba e os 21 componentes da Velha Guarda que ocupavam a alegoria, representando os 21 títulos da Portela, não puderam desfilar. O presidente da escola, Nilo Figueiredo, não descartou a hipótese de sabotagem. Por causa do imprevisto, houve atraso de quase duas horas até a Beija-Flor finalizar sua apresentação.

Porto da Pedra e Caprichosos de Pilares foram as primeiras a desfilar na segunda noite de festa do Grupo Especial. Pelo que se viu, vão lutar ponto a ponto para se manter na elite. Unidos do Viradouro veio em seguida, repleta de problemas técnicos. Nada igual ao desfile da quarta escola da noite, a Portela, que deve perder pontos em vários quesitos.

A Imperatriz Leopoldinense começou a mudar o Carnaval de 2005 com um desfile competente e empolgante. A leveza de suas fantasias, a boa aceitação do público ao samba e a originalidade de algumas alegorias tiveram repercussão rápida. Das arquibancadas, antes mesmo da metade do desfile, milhares de pessoas ovacionavam a escola do bairro de Ramos.

Apesar da apresentação simpática, a Grande Rio terá de se dar por satisfeita se voltar ao desfile das campeãs, no sábado, quando as seis melhores colocadas voltam à Marquês de Sapucaí. A escola exagerou na exibição de artistas globais, que estavam na pista a trabalho, para gravar cenas da novela "Senhora do Destino". Para finalizar, a Beija-Flor manteve o nível de seus desfiles anteriores e também recebeu uma calorosa manifestação do público.

Eleita campeã pela platéia

Rio – A Beija-Flor encerrou o desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio às 8h12 de ontem, sob aplausos entusiasmados da platéia no sambódromo e o grito de "é campeã". O atraso provocado por problemas na apresentação da Portela não abateu os quatro mil componentes da escola da cidade de Nilópolis, que tenta conquistar o tricampeonato. A Beija-Flor contou a ação dos jesuítas no Sul do Brasil basicamente em torno dos Sete Povos das Missões, sete cidades localizadas no Rio Grande do Sul, e fez um desfile tecnicamente perfeito. A garra dos foliões contagiou o público. O samba de boa qualidade e a criatividade das fantasias ajudaram no desempenho da agremiação da Baixada Fluminense. "Tenho certeza de que saímos da Marquês de Sapucaí favoritos ao título", disse o carnavalesco Laíla. A porta-bandeira Selminha Sorriso chorou ao final do desfile, emocionada com os elogios e a reação dos torcedores dos setores populares das arquibancadas e das cadeiras de pista – muitos dos quais invadiram a passarela e seguiram a escola até o fim da exibição, num arrastão de alegria e de euforia. A Beija-Flor foi ousada e logo no abre-alas teatralizou o nascimento de Cristo, numa referência à Companhia de Jesus. Os outros sete carros alegóricos também chamaram a atenção, pelo acabamento e a quantidade expressiva de gente em cada um deles.

Andersen como enredo

Rio – A passagem da Imperatriz foi um dos pontos altos do Carnaval do Rio. A escola flutuou pela Sapucaí leve, luxuosa, alegre e puxou o coro do público para um samba-enredo difícil e pouco conhecido. Foi, como sempre, tecnicamente irretocável. Mas, como há muito tempo não se via, foi também emocionante. A dança dos cisnes da comissão de frente foi tão majestosa quanto o final do conto Patinho Feio, talvez um dos mais conhecidos do dinarmaquês Hans Christian Andersen, enredo da agremiação. O tema permitiu à carnavalesca Rosa Magalhães idealizar um desfile como mais gosta: com fantasias elaboradas e bem-comportadas. Nudez, nem a do rei que teve a roupa roubada. O nadador Fernando Scherer, o Xuxa, que representou o rei nu, veio num carro alegórico com um short de paetês. A obsessão de Rosa por detalhes fez com que, mesmo vistos pela parte de trás, os carros alegóricos parecessem estar de frente. O carro da China, por exemplo, foi representado por réplicas quase perfeitas de peças de porcelana: pratos e vasos em tamanhos diversos. Mas foi a alegoria que representava o quarto de brinquedos a que mais arrebatou a platéia. Num momento em que a polêmica da vez é a discussão sobre a propriedade ou não da coreografia nas escolas, a Imperatriz levou uma precisa dança coreografada a todos os destaques do carro, que pareciam brinquedos robotizados. Foi o delírio das arquibancadas e camarotes em toda a passagem pela avenida.

Punição por homenagem a bicheiros

Rio – O deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) vai pedir ao Ministério Público Estadual (MPE) que apure as homenagens a bicheiros feitas pelas escolas de samba Salgueiro e Mocidade Independente de Padre Miguel na primeira noite de desfile deste ano. Segundo ele, as escolas podem ser denunciadas por apologia ao crime, já que apresentaram fotos e imagens de condenados pela Justiça como pessoas "de bem, com aceitação na sociedade". Biscaia marcou para amanhã uma reunião com o procurador-geral de Justiça do Estado, Marfan Martins Vieira, para sugerir a investigação.

"O que ocorreu no desfile das duas escolas foi um acinte, uma homenagem a crimonosos", afirmou Biscaia. O parlamentar disse que vai pedir também ao MP que apure possíveis responsabilidades da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), promotora do desfile, pela apologia aos criminosos. "A Liga deveria ter algo no seu regulamento que coibisse isso", declarou. Quando esteve à frente do MPE, o deputado petista foi responsável pelas investigações da chamada lista de propinas do bicheiro Castor de Andrade, na qual constavam nomes de policiais e políticos que, supostamente, receberiam dinheiro dos contraventores.

Fotos dos bicheiros Waldomiro Garcia, o Miro, e de seu filho Waldemir Paes Garcia, o Maninho, estavam em camisas de alguns integrantes do Salgueiro – os dois, que morreram no ano passado, foram condenados pela Justiça. Maninho foi assassinado a tiros, num crime até hoje não esclarecido. Miro morreu de morte natural, pouco depois do filho. A Mocidade, por sua vez, homenageou César Andrade, disse Biscaia. Presidente de honra da escola, ele é sobrinho de Castor de Andrade, também já falecido e que foi condenado a nove anos de prisão por corrupção ativa.

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