O Instituto Médico Legal (IML) de Manaus deverá receber um contêiner frigorífico para auxiliar as atividades de necrópsia após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na madrugada desta segunda-feira, 2. A briga entre as facções Família do Norte e o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou 60 mortos, muitos decapitados e esquartejados. Como o IML local só tem capacidade para refrigerar 20 corpos, o contêiner deverá ajudar a manter os demais conservados para cerimônias de velório e sepultamento pelas famílias das vítimas.

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De acordo com o secretário de segurança do Amazonas, Sérgio Fontes, a estimativa é que os trabalhos no IML levem até cinco dias para serem concluídos. “Temos apenas 20 gavetas no IML e temos 60 mortos. Vamos precisar alojar os outros 40 em algum lugar com o minimo de dignidade para que possam ser identificados e seja feitam os exames de necrópsia. Para isso, vamos usar um caminhão frigorífico”, disse em entrevista na tarde desta segunda em Manaus.

O secretário atribuiu a disputa das facções ao narcotráfico. “Esse para mim é mais um capítulo da guerra silenciosa que o narcotráfico jogou esse país. Nós, desde o tempo em que estava na Polícia Federal, nos meus 20 e poucos anos de polícia, sempre soubemos que o Brasil está numa guerra cada vez mais impiedosa. Vivenciamos ontem mais um capítulo”, acrescentou.

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Diante do massacre, Fontes pediu uma mobilização nacional em torno do assunto. “Esperamos que esse capítulo de hoje e de ontem possa ter nos ensinado algo, que não basta deixar isso para cada Estado resolver por sua conta e risco. O que acontece no Amazonas repercute no Ceará, que a droga passa por aqui. Nenhuma medida conjuntural que a gente possa implementar agora é tão importante quanto uma união nacional para combater o narcotráfico”, disse. Ele relembrou episódios do Presídio de Pedrinhas, no Maranhão, além de casos do último ano em Porto Velho e Boa Vista.

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“Volto a dizer: há uma guerra silenciosa que o Estado tem que intervir, é a guerra do narcotráfico. Estamos vendo o que vimos hoje: uma facção brigando com a outra. Por quê? Por que as siglas são diferentes? Não, porque cada uma quer ganhar mais dinheiro do que a outra. A briga é por dinheiro, por espaço”, completou.

O secretário destacou que os órgãos de segurança deverão investigar o caso, com instauração de inquérito, para penalizar os autores dos assassinatos, também reforçando a segurança nas unidades prisionais visando a manter a ordem. Os presos foram mortos pelos próprios internos do Compaj, em um confronto de extrema violência que durou cerca de 15 horas.