Em documento divulgado nesta terça-feira, 25, a Igreja Católica especificou regras para conservação dos restos mortais dos corpos de cristão submetidos a cremação. A instituição, por exemplo, proíbe a preservação das cinzas em casa e o lançamento dos vestígios em terrenos, no ar ou no oceano.
Por quase dois mil anos, o Vaticano permitia apenas o enterro dos defuntos, uma vez que o método expressava melhor a esperança cristã na ressurreição. Essa norma mudou em 1963, quando a incineração dos corpos passou a ser aceita, contanto que não indicasse a negação da fé pelo renascimento.
O comunicado da Congregação do Vaticano para Doutrina da Fé mantém o enterro como primeira opção. Ao mesmo tempo, limita as formas para conservação da cinzas dos mortos.
Para a instituição, as cinzas e fragmentos de ossos dos mortos não podem ser conservados em casa uma vez que privaria a comunidade católica de lembrar os entes passados. Os vestígios, portanto, devem ser mantidos em locais sagrados, como cemitérios ou igrejas. Apenas em situações específicas as cinzas poderiam ser guardadas em residências, mediante autorização prévia de um bispo local. A Igreja não detalhou quais seriam esses cenários.
“O corpo morto não é uma propriedade privada dos parentes, mas um filho de Deus, integrante do povo de Deus. Precisamos superar esse pensamento individualista”, afirmou o cardeal Gerhard Mueller, autor do texto.
A Igreja se mostra fortemente contrária às ideias de que a morte é uma “fusão” com a Mãe Natureza e o universo, ou que significa uma “liberação definitiva” da prisão corporal. O lançamento das cinzas em terrenos, no ar, em oceanos ou lagos é visto como culto ao “panteísmo, naturalismo e niilismo”.
O documento ainda declara que um funeral católico pode ser negado a uma pessoa que indicar que o lançamento das cinzas signifique zombaria da fé.
Os restos mortais também não podem ser divididos entre parentes, nem colocados em medalhões ou outras peças de lembrança. A Igreja, contudo, declarou que não tentará reunir as diversas partes de corpos de santos espalhados pelo mundo, usados como relíquias por paróquias. “Ir a todos esses países que possuem a mão de alguém começaria uma guerra entre os fiéis”, argumentou o Monsenhor Angel Rodriguez Luno, conselheiro teológico do Vaticano.