Padres e voluntários da Igreja Católica em São Paulo vão ingressar a partir de janeiro na campanha do Ministério da Saúde pelo diagnóstico precoce de aids. O trabalho de conscientização começou em outubro, em cinco capitais, depois que a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil apoiou a iniciativa da Pastoral da Aids. Tradicionalmente a igreja discorda das campanhas de prevenção do ministério, calcadas no uso do preservativo.
Os padres e agentes de pastoral são treinados pelo profissionais do governo federal. Os fiéis recebem as orientações nas missas e encontros comunitários e pelos meios de comunicação da igreja. “Motivamos as pessoas a saberem a sorologia antes da manifestação da doença, quando o tratamento já se torna mais difícil”, disse o coordenador da Pastoral da Aids, Frei Luís Carlos Lunardi.
Em São Paulo a campanha será coordenada por Cláudio Monteiro, da mesma pastoral. Segundo ele, o tema “preservativo” deve ficar de fora da conscientização. “O objetivo é a preservação da vida”, disse. Segundo Monteiro, durante a abordagem, os agentes não devem falar do uso de preservativo. “As pessoas devem adotar os métodos que estão disponíveis de acordo com sua própria consciência, como abstinência, fidelidade, monogamia”. Se padres e agentes forem questionados pelos fiéis sobre o uso do preservativo, a orientação é de que eles sejam encaminhados a postos de saúde.
“E são os nossos profissionais que vão incentivar a opção pela camisinha”, disse Eduardo Barbosa, diretor adjunto do departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde. “Indiretamente, com essa campanha também levamos às pessoas a prevenção”.
Segundo Barbosa, 47% dos brasileiros que foram diagnosticados com HIV descobriram a doença tardiamente, quando já apresentavam deficiência imunológica.