Igreja Católica atua por reserva indígena em Roraima

A criação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol no formato de área contínua, sem bolsões de terra para produtores rurais não-indígenas, não foi uma vitória só dos índios. Ela pode ser creditada também à Igreja Católica. Mais especificamente aos bispos, padres, freiras e leigos que atuam na linha da Teologia da Libertação, que dá forte ênfase a questões sociais e políticas, estimulando as pessoas mais pobres à ação, para se libertarem de estruturas sociais consideradas injustas.

D. Aldo Mongiano, bispo da Diocese de Roraima entre 1975 e 1996, incentivou e estimulou índios a brigarem pela demarcação da terra indígena. A primeira comissão formada pelo governo federal para analisar essa reivindicação surgiu em 1977 – dois anos após sua chegada a Roraima. Em 2005, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a demarcação, ele já estava aposentado, mas fez questão de ir à sede da Fundação Nacional do Índio, em Brasília, elogiar a medida.

O nome de d. Aldo ainda é muito lembrado em Roraima. Os produtores rurais que se opuseram à demarcação costumam dizer que foi o responsável pela quebra da harmonia que existia entre índios e não-índios de Roraima. Ao comentar o assunto em uma entrevista, o presidente da Federação da Agricultura de Roraima, Almir Morais Sá, disse recentemente que a Igreja, sob “a orientação de um bispo chamado d. Aldo Mongiano”, orientou os indígenas sobre a demarcação, além propagar entre eles conceitos de “tradição, povo, cultura”.

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