O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) criticou os resultados do setor público, divulgados ontem, e pediu uma revisão completa das prioridades do governo brasileiro. "Assistimos muitas vezes a esse filme, mas não há como evitar a surpresa diante dos novos resultados", afirma o ‘Análise Iedi’ sobre o tema. Ontem, o Banco Central divulgou que o superávit primário do setor público no primeiro semestre (R$ 71,674 bilhões) foi o maior da série divulgada pelo BC desde 1991.
A opinião do Iedi é que não "nada é tão contrário às teses desenvolvimentistas que o governo diz abraçar" quanto "o uso e o abuso da surrada e cruel combinação de aumento da carga tributária com contenção de inversões, sem que os gastos correntes tivessem qualquer redução. Pelo contrário.
Para o Iedi, a aguda restrição de investimentos públicos é, em grande parte, responsável pelo "apagão de toda ordem" que o País enfrenta ou enfrentará em breve, como no transporte de passageiros, na logística dos negócios e na energia elétrica. E o fato de o Brasil ostentar uma das maiores cargas tributárias de todo o mundo em desenvolvimento restringe o mercado consumidor, incentiva a sonegação e a informalidade e reduz a competitividade da produção doméstica.
"Uma revisão completa de prioridades é o que se faz necessário para o setor público brasileiro: entre gasto corrente e investimentos; entre gastos totais e carga tributária; entre mudança de perfil da dívida pública e redução de seu custo.