Uma mulher morreu e sua neta ficou ferida ao serem prensadas pelo elevador do prédio da subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Bauru, no interior de São Paulo, nesta quarta-feira, 23. O elevador, de plataforma e sem fosso, é usado por portadores de deficiências para subir do térreo ao primeiro e único andar do prédio.

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O equipamento estava em uso desde 10 de setembro e nesta quarta-feira, por motivos a serem esclarecidos, destravou a porta do térreo quando estava no primeiro andar. Ao descer, prensou Maria da Silva, de 85 anos, e sua neta, a encarregada de departamento pessoal Priscila da Silva, de 34. As duas foram chamadas pela ouvidoria da OAB para depor contra um advogado acusado de se apropriar da indenização que a idosa recebera pela morte do marido, em janeiro deste ano.

Era a primeira vez que elas entraram no novo prédio da OAB, na Avenida Nações Unidas, a mais importante da cidade. “Ao chegarmos lá, a recepcionista pediu que subíssemos pela escada e eu disse que minha avó não tinha condições, por causa da saúde e da idade. Ela, então, nos conduziu ao elevador, abriu a porta do equipamento e colocou a gente para dentro”, contou Priscila. “Ao entrar, procurei e não achei o botão. Perguntei para ela: ‘Onde está o botão?’. E ela disse para não se importar que ela mesmo cuidaria de fazer o elevador subir. E então fechou a porta com a gente lá dentro.”

O que aconteceu depois, segundo Priscila, foi uma situação de total desespero. O elevador não tem fosso e as duas mulheres se apavoraram ao ver a plataforma descendo sobre elas. “A gente percebeu que o elevador na verdade estava descendo e que ia nos prensar, então começamos a gritar por socorro, desesperadas, pedindo ajuda para Deus, implorando, aos gritos, para alguém parar o elevador e nos ajudar”, disse.

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Pela porta de vidro do elevador, Priscila ainda viu as pessoas do lado de fora observarem o desespero dela e da avó. “Havia muitas pessoas do lado de fora, que ficaram paradas, talvez sem saber o que fazer. A recepcionista andava de um lado para outro, enquanto a plataforma descia em cima de nós. Por Deus, apareceu um homem que chutou a porta três vezes, quebrou o vidro e me puxou para fora. Mas quando foi retirar minha avó, ela já tinha se ferido bastante”, completou.

Segundo ela, a plataforma, de 210 quilos, desceu até ficar a cerca de 60 centímetros do chão, com ela e a avó embaixo. As duas foram socorridas, mas a idosa, com ferimentos graves no tórax, na cabeça e no corpo, não resistiu e morreu. Priscila teve luxação nas duas pernas.

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“O elevador nos massacrou e matou minha avó”, afirmou ela à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 24, durante o velório da avó, na capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Parque Real, em Bauru, comunidade religiosa onde Maria e a família são muito queridas. O enterro estava marcado para as 15 horas.

Homicídio culposo

O delegado Roberto Cabral Medeiros, que atendeu à ocorrência, contou que testemunhas foram ouvidas na manhã desta quinta e que espera um laudo da perícia técnica para dizer o que realmente aconteceu e concluir o inquérito de homicídio culposo e lesões corporais culposas.

“O laudo vai me possibilitar dizer se a responsabilidade é da OAB, da empresa de manutenção ou se há responsabilidade solidária.” Segundo ele, o inquérito deve ser concluído antes do prazo de 30 dias.

O presidente da subsecção da OAB de Bauru, Alessandro Bien Cunha Carvalho, disse que a entidade lamentava o ocorrido e estava focada em dar respaldo à família de Maria da Silva. Segundo ele, o elevador ficará interditado até que a perícia descubra o que realmente causou o acidente.