A Divisão de Homicídios da Polícia Civil identificou o traficante Leandro Nunes Botelho, conhecido como Scooby Doo, como o responsável pela tentativa de resgate de dois presos do Fórum de Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro, na tarde de ontem (31), que terminou com a morte de uma criança e de um policial militar. A polícia fez a perícia no local e agora analisa câmeras de segurança e faz operação nas favelas da região. Duas escolas municipais na região ficaram fechadas hoje (1º) devido à violência no local.
A Polícia Civil apontou Scooby Doo como líder do grupo de pelo menos cinco homens armados que participaram da tentativa de resgate. Scooby Doo é foragido da Justiça. Alexandre de Melo, conhecido como Piolho, e Vanderlan Ramos da Silva, com apelido de Chocolate, que prestavam depoimento, não foram resgatados pelo grupo de criminosos.
O delegado da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, responsável pelas investigações, disse que ninguém foi preso até o momento. “Nós identificamos um suspeito e a perícia no local foi feita. Agora estão sendo feitas as análises das imagens de câmeras de segurança para identificar os demais para formalizar o que apuramos. A polícia está fazendo uma operação em todas as favelas de facção criminosa da região”, disse o delegado em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com a Polícia Civil, até o momento 12 pessoas foram ouvidas e as equipes da Divisão de Homicídios continuam fazendo ações na região, na tentativa de identificar e prender os envolvidos no tiroteio. Ainda segundo a Polícia Civil, por enquanto mais detalhes não serão divulgados para não atrapalhar o andamento das investigações.
O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, pediu ontem (31) a transferência de Alexandre de Melo e Vanderlan Ramos da Silva, para presídios federais, considerando a audácia da tentativa de resgate e as consequências que a ação provocou. A secretaria informou hoje que o pedido foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ) e a resposta deve sair até segunda-feira (4).
Beltrame disse que a Polícia Militar não tem conhecimento quando os presos vão prestar depoimento e quem deve fazer a segurança no local é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
“É um fato bárbaro. É um acinte sem dúvida nenhuma, a ponto de eu pedir imediatamente que essas pessoas sejam removidas para presídios federais. Neste momento estamos na Vila Vintém e já tem sete presos. Eu acho a segurança do TJ [Tribunal de Justiça] pode se manifestar ou fazer qualquer tipo de correção e a nós, obviamente, principalmente a Polícia Judiciária, cabe buscar a prisão dessas pessoas”, disse Beltrame.
A direção do Hospital Estadual Albert Schweitzer informou que o estado de saúde dos pacientes que deram entrada na unidade, vítimas de perfuração por arma de fogo ontem em Bangu, é estável. O homem de 41 anos está internado em leito de UTI e a mulher de 60 anos está na enfermaria do hospital.
O Fórum Regional de Bangu ficou fechado nesta sexta-feira para viabilizar a perícia técnica e todos os prazos dos processos em tramitação foram suspensos.
A Secretaria Municipal de Educação esclareceu, em nota, que nesta sexta-feira duas unidades escolares que atendem a 570 alunos estão sem atendimento na região de Bangu devido à violência no entorno, mas disse que o conteúdo perdido será reposto. A Secretaria Estadual de Educação informou que todas as escolas estão funcionando normalmente na região.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro disse que lamenta as mortes do menino Kayo da Silva Costa e do 3º sargento da Polícia Militar Alexandre Rodrigues de Oliveira, assassinados no incidente, e se solidariza com as famílias das vítimas, além de colocar-se à disposição para prestar todo o atendimento e suporte necessários. O tribunal informou que em relação à segurança do Fórum de Bangu, foi adotado, no local, um esquema adequado para as audiências que estavam ocorrendo no dia do incidente e que o caso foge da rotina das milhares de audiências ocorridas diariamente em todas as comarcas do estado.
O tribunal disse ainda que cabe à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) avaliar e comunicar às comarcas em que serão feitas audiências criminais sobre a periculosidade dos réus e depoentes que são arrolados para depoimento. Segundo o TJ, no caso da última quinta-feira (31), a operação de segurança foi montada de acordo com os informes passados pela Seap.
Sobre o sistema eletrônico audiovisual de depoimentos (interrogatórios por videoconferência), o TJ informou que, no caso depoentes custodiados em presídios federais fora do estado, são organizadas e operacionalizadas pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, e as casas de custódia são responsáveis por conceder e manter o aparato tecnológico necessário para esse tipo de audiência. O tribunal informou que ainda espera a infraestrutura necessária para a utilização das videoconferências nos presídios estaduais.