Foto: Agência Senado |
Ideli: ?Todo mundo fica com muita vontade. A mosquinha azul do poder se prolifera?. continua após a publicidade |
Uma das principais defensoras do governo no Congresso, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) acredita que só o bom senso entre os petistas impedirá o racha da coalizão que hoje apóia o presidente Lula nas eleições de 2010. Bom senso que, segundo a líder do PT no Senado, nem sempre prevalece no partido nas questões eleitorais.
Para Ideli, a falta de um candidato natural dentro do PT à sucessão de Lula estimula a fragmentação da base aliada, a começar pela disposição anunciada de aliados históricos dos petistas, como o PSB, o PDT e o PCdoB, de ter candidatura própria daqui a três anos. ?Quando não se tem uma figura forte, um franco favorito, fica todo mundo alegrinho, fica todo mundo com vontade. Todo mundo com muita vontade. A mosquinha azul do poder se prolifera?, afirma a senadora.
Ideli admite a existência de ?fissuras? na coalizão governista e diz que as diferenças entre os 11 partidos que apóiam o governo Lula podem favorecer a oposição eleitoralmente. ?A tendência do PT é trabalhar para que haja um consenso, para evitar um racha em 2010, mas tem um grau de imponderabilidade?, afirma.
?Nós temos uma coalizão que não é uma unanimidade. Há diferenças muito grandes entre os partidos que compõem a coalizão. Há um esforço de governabilidade, mas tem trincas, fissuras e a oposição não precisa ser muito esperta para trabalhar com essas fissuras e botar cunha. Eles sabem fazer isso?, completa.
Mas as fissuras partidárias não são exclusividade da coalizão governista, ressalva a líder do PT, ao apontar o distanciamento entre o DEM (ex-PFL) e o PSDB no início do segundo governo Lula. ?Os interesses mais imediatos do PSDB e do PFL são muito diferentes agora. Já tivemos várias oportunidades de testemunhar o constrangimento do PSDB de ter que seguir a linha adotada pelo PFL para evitar um racha público. Isso tem um certo grau de barril de pólvora.?
Ideli também acredita que o sucesso do PT nas últimas eleições com a reeleição de Lula e a votação expressiva recebida pelo partido no Congresso e o empenho do presidente em construir um governo de coalizão contribuíram para enfraquecer a oposição.
Para a senadora, a situação dos ex-pefelistas é mais delicada do que a dos tucanos. Enquanto o PSDB elegeu governadores em estados importantes – São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, por exemplo – e tem três pré-candidatos fortes para a disputa presidencial de 2010, o DEM conquistou apenas o governo do Distrito Federal no ano passado, observa a senadora.