Brasília
– Uma pesquisa realizada pelo instituto Ibope sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que, após 90 dias desde que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conta com a aprovação de 75 por cento dos brasileiros entrevistados.De acordo com os números divulgados ontem, 51 por cento deram avaliação ótima ou boa para o governo de Lula; 36 por cento consideram-no regular e 7 por cento, ruim ou péssimo. Já 13 por cento dos entrevistados disseram desaprovar o governo em seus três primeiros meses. O Ibope observou que, caso os percentuais se transformassem em notas, o governo de Lula teria 6,8 numa escala de zero a 10 pontos.
O instituto de pesquisa também comparou o presidente a seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Dos entrevistados, 49 por cento disseram que o governo de Lula é melhor e 8 por cento, pior. E 35 por cento opinaram não ver qualquer diferença entre os dois. Já na avaliação de Lula como pessoa, e não como governo, 80 por cento acreditam que ele é confiável e 16 por cento revelaram não confiar no presidente. E, se as eleições fossem hoje, Lula teria 64 por cento de votos e o adversário em outubro, José Serra, teria apenas 15 por cento. A pesquisa mostra que apesar do otimismo, com metade dos entrevistados achando que “o Brasil está no caminho certo”, aumentou a apreensão com a inflação e o aumento do desemprego, na comparação com a pesquisa CNI/Ibope de dezembro: 61 por cento acreditam que a inflação vai aumentar, contra 55 por cento na pesquisa anterior; 56 por cento acham que o desemprego vai crescer (43% antes); e aumentou de 22 por cento para 29 por cento o índice dos que entendem que a renda das pessoas vai cair.
A maioria revela que pretende comprar menos e evitar o crediário. Segundo a pesquisa, as causas inflacionárias criadas no governo anterior, recrudesceram na mudança de governo, mas a inflação já dá sinais de queda.
No “ranking” de prioridades dos entrevistados, a maior preocupação é com o emprego/desemprego (48%), seguindo-se o combate à fome e à pobreza (34%), saúde (27%), segurança e combate à violência (25%), educação (15%), combate à inflação (11%), combate à corrupção (8%). As reformas no Congresso Nacional mereceram menor atenção, com 8 por cento para a Reforma Trabalhista, 5 por cento para a Reforma da Previdência, e 3 por cento, cada, para as reformas Tributária e Agrária. A anunciada Reforma Política mereceu atenção de apenas 1 por cento dos pesquisados.
O Ibope quis saber, ainda, a quantas anda a satisfação dos brasileiros com a “vida em geral”. A maioria reagiu positivamente: 74 por cento estão satisfeitos ou muito satisfeitos e 25 por cento, insatisfeitos ou muito insatisfeitos. O instituto entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 20 e 23 de março. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Mercado vive lua-de-mel com Lula
São Paulo
– A “lua-de-mel” do mercado brasileiro continua. Mais uma vez, o bom humor prevaleceu nos negócios, ontem, fazendo o dólar cair pela quarta sessão consecutiva e a Bovespa subir. A moeda recuou 1,5% em relação ao fechamento de ontem, cotada a R$ 3,263 para venda, a mais baixa desde o dia 14 de janeiro, quando fechou a R$ 3,26, a mínima deste ano. A bolsa paulista subiu 2,42% e o risco Brasil caiu 3,38%, para 969 pontos. Tanto otimismo tem um motivo: a perspectiva de aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 53 (PEC-53), com votação na Câmara. Com a aprovada, a emenda possibilitará a regulamentação desmembrada do sistema financeiro. Essa condição abre caminho para a discussão sobre a autonomia do Banco Central, muito ansiada pelos investidores.As recentes captações de recursos externos por bancos e empresas e a queda do risco-Brasil, que após 10 meses, operou abaixo dos mil pontos também ajudaram no bom desempenho do mercado. Outro fator que contribuiu para o fechamento positivo foi a melhora das bolsas internacionais. Os avanços das tropas americanas em direção a Bagdá deixaram os investidores aliviados. Os mercados torcem por uma guerra curta.