IBGE diz que analfabetismo caiu, mas ainda é alto

O analfabetismo no Brasil prossegue em queda, mas permanece em patamar elevado e em situação desconfortável em relação a outros países da América Latina, segundo observou Ana Saboya, responsável pela Síntese de Indicadores 2007 do IBGE, divulgada nesta sexta-feira. Ela apresentou dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), relativos ao ano de 2005, que comparam as taxas de analfabetismo urbano para pessoas de 15 anos ou mais de idade em vários países da região.

O Brasil estava em nono lugar entre as taxas mais altas em 2005, com taxa de analfabetismo urbano em 11,1%. Perdia apenas para países como Haiti (45,2%), Nicarágua (31,9%), Guatemala (28,2%), Honduras (22,0%), El Salvador (18,9%), República Dominicana (14 5%), Bolívia (11,7%) e Jamaica (11,3%).

A taxa de analfabetismo urbana do Brasil é muito superior às apuradas no grupo de países fundadores do Mercosul, por exemplo. Em 2005, o Paraguai tinha taxa de 5,6%; a Argentina, de 2,8% e o Uruguai, de 2,0%. A menor taxa da região foi apurada em Barbados (0,3%).

Os dados reunidos pelo IBGE mostram também um esforço significativo de redução do analfabetismo em vários países latino-americanos, entre 1995 e 2005. No Brasil, houve uma queda na taxa de analfabetismo urbana para população acima de 15 anos de idade de 15,3% para 11,1% no período. Na Bolívia, caiu de 17 9% para 11,7%. No Paraguai, de 8,1% para 5,6%. No Peru, de 12,2% para 8,4%.

"O contingente de analfabetos ainda é muito expressivo e tem sido um desafio para os governos", disse Ana. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), na qual foi baseada a Síntese divulgada hoje, revelou, para o total do País, uma taxa de analfabetismo de 10,5% em 2006, o que corresponde a 14,4 milhões de indivíduos.

Dos 14,4 milhões de analfabetos no Brasil em 2006, a maior parte era de pretos (terminologia utilizada pelo IBGE) ou pardos (67 4%), enquanto 32% eram brancos. Na divisão por idade, o maior porcentual de analfabetos (36,4%) tinha entre 40 e 59 anos, enquanto o menor porcentual (5,8%) tinha entre 15 e 24 anos

A pesquisa mostra também que a taxa de analfabetismo é inversamente proporcional ao rendimento familiar. Enquanto a taxa de analfabetismo para a população de 15 anos ou mais de idade, para o total do País, era de 10,4% em 2006, chegava a 17 9% para as classes de rendimento familiar per capital de até meio salário mínimo. Para a faixa de rendimento acima de dois salários mínimos, a taxa era de 1,3%.

A taxa variava significativamente também entre as regiões: enquanto no Nordeste chegava a 20,8%,?ou exatamente o dobro da média do País, no Sul era de 5,7%. Dos 14,4 milhões de analfabetos no País em 2006, mais da metade, ou 7,6 milhões, estavam nessa região.

A Síntese de Indicadores Sociais foi elaborada principalmente com os dados da Pnad 2006, que foi divulgada pelo IBGE no dia 14 de agosto, e traz informações sobre aspectos demográficos, educação, domicílios, famílias, casamentos e raça, entre outras.

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