IBGE: acesso à internet cresce, mas ainda é desigual

A internet ainda é inacessível para 104,7 milhões de brasileiros, apesar dos significativos avanços registrados no País no acesso à rede de computadores nos últimos anos. Pesquisa divulgada hoje pelo IBGE mostra que o aumento no número de usuários, entre 2005 e 2008, ocorreu especialmente entre os mais pobres, menos escolarizados e nas Regiões Norte e Nordeste. Os locais públicos de acesso pago, como “lan houses”, são os preferidos pelos internautas, que utilizam a rede, sobretudo, como meio de comunicação com outras pessoas.

O levantamento se refere à população com 10 anos ou mais de idade e mostra que, em três anos, 24 milhões de pessoas foram incluídas no acesso à internet no Brasil. Desse total, 17 milhões tinham renda de até dois salários mínimos, sendo que 10,6 milhões recebiam até um salário. O total de usuários chegou a 56 milhões em 2008, com aumento de 73% ante 2005. “Esses dados mostram que o acesso está sendo democratizado”, avalia o gerente da pesquisa mensal de emprego do instituto, Cimar Azeredo.

Mais democrático, mas ainda profundamente desigual e excludente, como ele mesmo avalia. “Ainda há um número expressivo de pessoas alijadas da inclusão digital”, lembra Azeredo. Ele cita informações do site especializado www.internetworldstats.com, que mostram que enquanto no Brasil o porcentual de pessoas (10 anos ou mais de idade) com acesso à rede é de 34,8%, na América do Norte chega a 74% e, na Europa, a 52%. O País está acima, porém, da média mundial (25,6%) e da América Latina e Caribe (30,5%).

Ele atribui o patamar ainda reduzido de acesso à desigualdade de renda e a problemas na educação. “A desigualdade de renda se reflete no acesso à internet, um País com renda tão desigual não mostraria um acesso à rede igual para todas as classes”, disse.

No que diz respeito à educação, Azeredo considera esse um ponto crucial para o aumento do número de usuários. Ele lembra que a Coreia do Sul conseguiu universalizar o acesso para 90% da população, exatamente porque apresenta dados educacionais bem mais avançados que os brasileiros.

Em 2008, 80,4% das pessoas com 15 anos ou mais de estudo acessavam a Internet, enquanto no grupo dos sem instrução o porcentual não ultrapassava 7,2%. “Para sairmos de um cenário de exclusão digital, é preciso investir em educação”, alerta.

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