Ibama recebe projetos de usinas

Brasília – Técnicos de Furnas Centrais Elétricas e da Construtora Norberto Odebrecht entregaram ontem ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estudos de impactos ambientais referentes à construção das usinas Santo Antônio e Jirau, localizadas, respectivamente, a dez e 110 quilômetros de Porto Velho, no estado de Rondônia.

As duas usinas serão construídas no rio Madeira e terão capacidade de gerar mais de seis mil megawatts, o que representa 8% de toda energia elétrica do Brasil. A expectativa é que a construção comece no segundo semestre de 2006 e dure cerca de dez anos. O custo final da obras está previsto em US$ 17 bilhões.

Segundo o superintendente de Empreendimentos de Geração de Furnas, Márcio Antônio Porto, a construção das usinas de Santo Antônio e Jirau, além da questão energética, deve ser vista como uma forma de integração regional, desenvolvimento sustentável e respeito ao meio ambiente.

Impacto ambiental

Os lagos formados pelas barragens das usinas hidrelétricas de Jirau e do Santo Antônio, que serão construídas ao longo do rio Madeira, em Rondônia, deverão ser maiores do que o sugerido nos estudos de impactos ambientais realizados por técnicos da Furnas Centrais Elétricas e da Construtora Norberto Odebrechet. A declaração é do doutor em Planejamento Energético pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Artur de Souza Moret. ?Os impactos ambientais dessas obras terão uma dimensão jamais vista na Amazônia.?

Cerca de duas mil famílias deverão ser atingidas pela construção das usinas hidrelétricas do Jirau e do Santo Antônio. ?A calha do rio Madeira toda é povoada por ribeirinhos, que vivem da pesca e da agricultura familiar?, afirmou Pedro da Silva Damasceno, morador da comunidade Vila da Cachoeira do Teotônio.

Nessa comunidade, vivem 65 famílias, cujas casas serão cobertas pelo lago da barragem do Santo Antônio. Eles serão indenizados e deslocados para uma área mais longe do rio. ?Para que serve o dinheiro, quando você pensa na nossa tradição, nossas origens? É a terra de barranco, a terra que inunda, que é fértil. Lá onde pretendem nos colocar não nasce nem milho. É por isso que não queremos nem pensar na hipótese de sair daqui?, disse Pedro. Segundo ele, a maioria dos ribeirinhos, no entanto, é favorável à construção das hidrelétricas. ?São pessoas muito pobres, que se iludem com a propaganda dos construtores. Elas podem trabalhar na construção das usinas durante 10 anos. E depois, farão o quê?? lamentou Pedro. 

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