Uma instrução normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, reconhece a nocividade da espécie exótica invasora javali europeu, e seus cruzamentos com o porco doméstico, e autoriza o abate dos animais que vivem em liberdade em todo território nacional. Até agora o controle estava autorizado para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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A coordenadora de Fauna Silvestre do Ibama, Maria Isabel Gomes, explica que a instrução normativa libera o abate controlado, com cadastramento e autorização prévia do órgão federal. O uso de armas de fogo devem obedecer as normas que regulamentam o assunto e, no caso das armadilhas, o Ibama liberou apenas as que permitem a captura do animal vivo, sem ferimentos. A norma proíbe a distribuição ou comercialização da carne, além do transporte de animais vivos. “O abate dos animais sem autorização continua sendo considerado crime ambiental”, diz ela.

Segundo a coordenadora, a população de javalis existentes no Brasil somente será mensurada com maior precisão a partir do comitê de monitoramento que será instalado pelo governo federal, com participação de representantes dos órgãos ligados aos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Ela cita estimativas que indicam a existência de 200 mil javalis vivendo em liberdade no Rio Grande do Sul, por onde os animais entraram no Brasil após fugir dos criatórios que existiam no Uruguai.

 

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Maria Isabel Gomes afirma que o animal híbrido, resultado do cruzamento do javali europeu com o porco doméstico brasileiro, é mais forte e mais feroz. A legislação também prevê o fechamento de todos criatórios de javalis em território nacional, a partir de março, e a proibição de importações da espécie. A coordenadora diz que a experiência de outros países, como Alemanha e Austrália, mostra que é impossível exterminar a população de javalis.

No município de Ponte Serrada, no oeste catarinense, a população local bem que gostaria de uma medida de extermínio dos javalis. A afirmação é do presidente do sindicato rural do município, José Forestt, que foi obrigado a investir na instalação de cercas de arame farpado em volta das lavouras para conter a entrada dos animais e evitar os prejuízos estimados em R$ 30 mil por ano. Forestt calcula que uma vara de javalis devore de 4 a 5 hectares de milho numa noite.

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A situação é preocupante em Ponte Serrada porque os agricultores são vizinhos do Parque das Araucárias, onde vivem de 2 mil a 5 mil javalis, pelas estimativas do presidente do sindicato rural. José Forestt observa que os animais vivem em meio aos pinheirais, onde se reproduzem e se alimentam do pinhão. Quando falta o pinhão, os animais invadem as lavouras de feijão, soja e milho, além das pastagens. Ele reclama que o abate controlado não resolve o problema e cobra medidas mais drásticas para exterminar o javali.