O Hospital das Clínicas confirmou a morte de João Batista Moura da Silva, de 30 anos, na manhã desta segunda-feira, 5. Ele foi encaminhado ao HC após ser ferido em uma briga em um posto de combustível na noite de sábado, 3, na Avenida Rebouças, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, onde uma multidão se concentrou para acompanhar os blocos de pré-carnaval.
A primeira vítima Bruno Gomes de Souza, de 31 anos, também faleceu. Ele chegou a ser atendido na Santa Casa, no centro da cidade, mas não resistiu aos ferimentos.
Um terceiro ferido, o empresário Rodrigo Beralde da Silva, de 34 anos, foi levado ao HC, mas foi transferido para o Hospital Nove de Julho, onde permanece internado desde sábado. O operador de máquinas Fernando Avelino, de 28 anos, estava no local e foi ferido por uma barra de ferro no braço, porém não precisou ser socorrido.
A polícia investiga as causas do tumulto e a relação com as festas de pré-carnaval que ocorreram no bairro neste fim de semana. Imagens de câmera de segurança foram solicitadas.
A polícia foi acionada para atender a ocorrência de disparo de arma de fogo no estabelecimento. No local, Bruno, João Batista e Rodrigo foram encontrados com ferimentos.
Testemunhas
Segundo testemunhas que prestaram depoimento no 14° DP (Pinheiros) na manhã desta segunda-feira, a segunda vítima, João Batista Moura da Silva, seria um metalúrgico e não frentista. Anteriormente, o boletim de ocorrência dizia que Silva era um frentista. A terceira vítima, o empresário do ramo de academia Rodrigo Beraldi, estava no Hospital das Clínicas, mas segundo a assessoria de imprensa ele foi transferido ainda no sábado para o Hospital 9 de Julho. Os dois foram baleados próximo à região do umbigo.
O crime ocorreu por volta das 19h30. Amigos das vítimas relataram à polícia que estavam em um grupo de 12 pessoas saindo do bloco Maluco Beleza, no Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital, e seguiam em dois carros para o Largo da Batata, na zona oeste, onde ocorriam blocos de pré-carnaval. Segundo as testemunhas, os amigos pararam no posto de gasolina para abastecer os veículos quando as meninas desceram e pediram aos frentistas para fazer xixi.
Funcionários do posto teriam apontado para a lateral, indicando que elas poderiam urinar próximo aos sacos de lixo. Em seguida, Souza e Beraldi também teriam seguido para também urinar. Amigos disseram que Souza estava “bêbado e alterado”. Além de urinar, ele também teria ido vomitar no local.
Amigo dos três homens, o operador de máquinas Fernando Avelino também estava no local e ficou ferido no braço. Ele conta que um frentista teria tentado fechar o portão gradeado com Souza e Beraldi do lado de dentro, dizendo que os amigos não poderiam usar aquele local.
“Fomos eu e um amigo meu pedir para não trancar porque tinham dois rapazes lá. Estavam fazendo xixi. O frentista disse que ia fechar porque não podia ficar ali. Aí chegou um outro rapaz dizendo que era subgerente do posto, falando super ignorante que não era para usar ali. Só queriamos esperar eles saírem”, relata Avelino.
Segundo o amigo das vítimas, quando Souza e Beraldi saíram da lateral do posto e os grupos seguiam para o carro, o subgerente do estabelecimento teria começado a discutir com um dos integrantes do grupo e tentado dar um tapa na cara dele.
“Eu vi, cheguei e empurrei ele, falando ‘a gente só queria usar o banheiro, não há necessidade disso’. Nisso, chegou um (homem) que provavelmente era um frentista, porque estava com a jaqueta do posto, atrás dele, com a barra de ferro e veio me atingir na altura da minha cabeça, porém eu coloquei o braço”, conta Avelino. “(A barra) pegou no meu braço. Nessa hora, dei uns passos para trás por conta da pancada. E ele, o agressor, deu uns passos para trás e sacou a arma. Aí foi salve-se quem puder.”
A testemunha, que correu para se esconder atrás do carro, relata ter ouvido seis disparos. A esposa dele foi se esconder em uma drogaria. “Quando saí (de trás do carro), já vi os três no chão”, diz Avelino. “Peguei o Rodrigo (Beraldi). Ele estava consciente e me disse ‘me leva para o hospital'”. Além de Beraldi, o operador de máquinas levou ainda João Batista Moura da Silva para o Hospital das Clínicas.
A polícia informou que os depoimentos dos frentistas envolvidos foram colhidos no final de semana.
A ocorrência foi registrada como homicídio tentado e consumado. As investigações estão a cargo do 14º DP (Pinheiros).
Balanço do carnaval
Os dois primeiros dias de carnaval em São Paulo indicaram para o maior público já registrado – e para a consolidação de vez da festa de rua. No domingo, 4, só o bloco Acadêmicos do Baixo Augusta reuniu 1 milhão de pessoas na Rua da Consolação, no Centro, segundo os organizadores.
E os 2 milhões de foliões estimados pela Prefeitura para sábado já equivalem ao público dos 381 blocos que saíram às ruas em 2017.