O governo de São Paulo inaugurou ontem uma clínica de reabilitação de deficientes físicos e, dos R$ 50 milhões investidos na unidade, 34% vieram da verba poupada no primeiro ano de vigência da lei seca. Segundo os números oficiais, a redução de atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito após a medida, que endureceu as penas contra motoristas embriagados, levou a uma economia de R$ 17 milhões, dinheiro agora revertido na criação do serviço de fisioterapia e tratamento de portadores de deficiência. A clínica fica em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo.
De acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde, entre junho de 2008 – mês em que entrou em vigor a lei que prevê até detenção para quem mistura álcool e direção – e junho de 2009, houve redução de 18,9% no número de vítimas do trânsito atendidas em 30 hospitais da capital e da Grande São Paulo. O balanço é referente aos casos mais simples, de quem precisou de raio X, curativos ou atendimento superficial.
Com esse perfil de atendimento, afirma o governo estadual, foram em média 1.440 pacientes a menos registrados por mês no primeiro ano da lei seca. Os recursos não utilizados nessa parcela foram revertidos para o novo hospital, batizado de Lucy Montoro. Segundo a Secretaria de Estado de Direitos da Pessoa com Deficiência, a unidade tem 80 apartamentos e 20 consultórios com capacidade para 12 mil atendimentos por mês. A pasta afirma que serão acolhidas vítimas de lesões medulares, amputações, traumatismo craniano, acidente cardiovascular, paralisia cerebral e restrições de mobilidade.
A área da reabilitação física é um dos principais gargalos da saúde pública e, hoje, o trânsito, mais do que as armas de fogo, é considerado o principal responsável pelos casos de paraplegia e tetraplegia em São Paulo, segundo balanço da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), unidade até então solitária na oferta de serviços públicos de excelência na área de reabilitação, com 30 mil pacientes na fila de espera.