Os hospitais serão obrigados a comunicar às autoridades sanitárias a ocorrência de infecção por superbactérias entre seus pacientes. A medida integra o Plano Nacional de Microagentes Multirresistentes, um projeto em elaboração desde o início do ano, mas que foi apressado diante do recente avanço no País da KPC, uma superbactéria resistente à maior parte dos antibióticos disponíveis no mercado.
O plano está sob coordenação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e tem como meta controlar a propagação das superbactérias. No caso da KPC, os pacientes já debilitados não respondem ao tratamento tradicional e precisam tomar drogas altamente tóxicas ou que, por serem muito caras, nem sempre estão disponíveis na rede pública.
Atualmente, os hospitais não são obrigados a comunicar à vigilância sanitária casos de bactérias multirresistentes. O episódio da KPC, por exemplo, reflete essa lacuna. A Anvisa foi notificada sobre surtos provocados pela superbactéria em hospitais do Distrito Federal. Mas os próprios integrantes da agência reconhecem que há vários outros casos no País.
Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo no sábado, só no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-USP) há pelo menos 70 registros de pacientes que apresentaram, desde 2008, a infecção. O Laboratório de Pesquisa de Resistência Bacteriana da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), já confirmou KPC em amostras vindas de João Pessoa, Recife, Vitória, Rio e Rio Grande do Sul.
Notificações no DF – Chega a 187 o número de notificações de infecção provocada pela superbactéria KPC no Distrito Federal. Desse total, 163 foram confirmados e 24 estão em investigação. Há ainda outros 95 registros de pacientes que podem estar contaminados. Dos 18 óbitos entre pessoas que apresentavam a bactéria, 14 comprovadamente morreram por causa das complicações decorrentes dela. O surto no DF atinge 17 hospitais – 9 instituições públicas 8 particulares.
A KPC é uma cepa da bactéria Klebisiella pneumoniae. O primeiro caso identificado no País ocorreu em 2005, em São Paulo. Quatro anos depois, veio o segundo caso, em Londrina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.