Hóspedes de hotel ficam reféns por até 1 hora

A ação da Tropa de Choque anteontem no Linson Hotel, na Rua Augusta, levou pânico aos hóspedes e terminou em forte repressão contra os manifestantes refugiados no saguão. Os policiais usaram balas de borracha e são acusados de agressões. Um jovem teve o maxilar quebrado. Acuados, clientes do hotel trancaram as portas dos quartos e ficaram “reféns” do tumulto por até uma hora.

O estudante de Química Industrial da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Vinícius Duarte, de 26 anos, chegou cheio de hematomas no rosto, ontem, ao 78.º Distrito Policial (Jardins) para registrar boletim de ocorrência. Ele afirma que apanhou da polícia dentro do hotel. “A polícia chegou batendo em todo mundo e ainda apontava armas em nossa direção”, disse.

O rapaz teve traumatismo no maxilar e três dentes quebrados – sua arcada terá de ser refeita. Ele terá de fazer uma plástica no nariz e está com um coágulo na cabeça. O pai e o irmão de Duarte, que o acompanharam ao DP, afirmam que vão acionar o Estado na Justiça.

Duarte também relatou que a polícia não deixou ninguém filmar nem fotografar dentro do hotel e que arrancaram o celular da sua mão quando ele fez um vídeo. Segundo o estudante, só devolveram o aparelho no Hospital das Clínicas, para onde foi levado, de camburão, e com o vídeo deletado.

O jornalista freelancer Felipe Larozza, de 27 anos, conseguiu fazer um vídeo que mostra os PMs dando tiros de balas de borracha no saguão do hotel. “Eu não vi nenhum manifestante oferecer resistência, o lugar era pequeno e nem todo mundo que estava lá dentro participava da manifestação”, conta Larozza. Logo após capturar as imagens, ele diz que foi retirado junto com outros fotógrafos do hotel. “A polícia fez uma barreira e não deixou que nós acompanhássemos a revista que aconteceu lá dentro.”

O Estado teve acesso ao boletim de ocorrência registrado anteontem, em que constam 128 detidos na manifestação – no total, porém, foram 135 detidos, todos liberados. O documento afirma que Duarte arremessou pedras contra os policiais, e “uma atingiu o dedo mínimo de um PM” e que, por isso, foi “necessário recorrer ao uso de balas de borracha”. O sargento tentou deter Duarte, que teria dado um soco no policial, sendo preciso “usar força moderada para vencer a resistência”.

A Secretaria de Segurança afirmou que o hotel foi invadido e “o Choque entrou por solicitação dos funcionários”. Segundo a nota, os disparos de bala de borracha foram feitos em direção ao chão. Funcionários do Linson não comentaram a informação.

Refém

O consultor Gilvandro Oliveira Filho, de 38 anos, veio do Recife a trabalho e passou mais de uma hora trancado sem poder sair do quarto. “Tinha muita gente no corredor. Não tinha como saber quem estava infiltrado e quem estava se refugiando, pois até manifestantes encapuzados invadiram o hotel. As pessoas chutavam a porta e pediam para eu abrir o quarto”, disse.

“Cheguei a deitar no chão com medo de tiroteio e fiquei de pijama dentro do quarto, para ser identificado como hóspede, caso a porta fosse arrombada. Fiquei em choque, jamais imaginei que isso fosse chegar aqui (no quarto do hotel).” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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