Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, viveu uma situação completamente diferente daquela a que se habituou no passado: não ouviu críticas à política de juros, apresentou uma longa lista de bons resultados da economia e terminou efusivamente elogiado pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), um crítico contumaz da política monetária executada pelo BC no passado.

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A paz entre Meirelles e seus críticos parece ter sido selada com a redução de 0,5 ponto porcentual na Selic (a taxa básica de juros da economia), decretada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). "Quero saudar a última decisão do Copom, pois ela foi oportuna", disse Mercadante. "Concordo com a política que o senhor vem executando", afirmou Virgílio. Sem conter o riso e a satisfação, Meirelles agradeceu, "em nome dos funcionários do BC", os "elogios públicos" dos senadores ao trabalho da autoridade monetária.

Mesmo a questão do câmbio valorizado, que ameaça setores industriais do País, somente foi tocada por um senador, que quis saber sobre as divergências entre Meirelles e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. O presidente do BC adotou uma atitude diplomática. Primeiro, disse que não opina sobre taxa de câmbio. "Para o Banco Central não há uma taxa de câmbio boa ou ruim", afirmou. Depois, elogiou a atitude de Coutinho. "O presidente do BNDES tem uma preocupação com os setores que estão sendo prejudicados com a competição internacional, dentro do processo de globalização. É uma função legítima e correta do BNDES."

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