Os engenheiros João Pintiokina e Dirceu Bravin foram apontados como responsáveis pelo incêndio ocorrido no Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo em dezembro passado, por omissão, descaso e displicência. A conclusão consta do relatório final da Comissão de Apuração Preliminar, constituída pelo HC. Com a finalização do relatório, o superintendente do HC, José Manoel de Camargo Teixeira, abriu sindicância, com foco nos dois engenheiros.

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Ambos funcionários públicos, Pintiokina era diretor técnico da Engenharia de Manutenção dos Prédios do Instituto Central do HC e Ambulatórios e Bravin prestou serviços ao colega. Os dois foram afastados em março. Se ficar comprovada a responsabilidade deles, as penas administrativas podem ser suspensão e demissão por justa causa. Em março, Bravin ganhou ação de danos morais contra o HC, por ter um laudo seu contestado. Na ocasião, o presidente do sindicato dos funcionários do HC, Itamar Fernando Marinho da Costa, declarou, sobre a investigação do incêndio, que “a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco”.

Segundo o relatório, “o Prédio dos Ambulatórios é destituído de qualquer plano de manutenção preventiva, com agravante em relação à área onde ocorreu o sinistro em 24 de dezembro de 2007 que era taxativamente ignorada por profissionais técnicos da Engenharia da Manutenção”. O documento destaca declaração de Bravin à comissão em relação à sua rotina na época do incêndio: “Realiza vistorias periódicas com circulação pelas áreas, com exceção da área sinistrada.” A afirmação é usada para acusar de omissão tanto Bravin quanto Pintiokina, que, segundo o documento tinha o dever de exigir de seus subordinados “relatório do estado crítico inclusive da sala sinistrada”.

Bravin, que hoje trabalha no Hospital Estadual de Sapopemba, negou as acusações. “Aquela sala ficava trancada porque era utilizada por prestadores de serviço. Eu nem tinha a guarda da chave”, afirmou. O relatório também acusa os engenheiros de não terem cumprido ordem verbal de seu superior, Gilberto Taboga, diretor administrativo do Instituto Central do HC, para providenciar um estudo sobre a fiação do prédio onde houve o incêndio.

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Os fios estavam velhos e cobertos por substância inflamável. O HC sabia da informação em março de 2007, mas não tomou providência. No relatório, a falta de ação é atribuída aos engenheiros. “Se eu tivesse recusado a ordem, teria sido cobrado por isso na hora”, rebateu Bravin. Pintiokina não foi localizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.