Após os confrontos da noite de ontem, o prefeito Fernando Haddad (PT) criticou a conduta da Polícia Militar na repressão ao protesto do Movimento Passe Livre (MPL). “Na terça-feira, a imagem que ficou foi a da violência dos manifestantes. Infelizmente hoje (ontem) não resta dúvida de que a imagem que ficou foi a da violência policial”, disse. Haddad afirmou que “há fatos a serem apurados” pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). “Entendo que o secretário (Fernando) Grella (Vieira), ao abrir um inquérito para a apuração rigorosa dos fatos, agiu corretamente”, disse. “É evidente que a imagem que ficou é esta: de um possível excesso da força policial.”

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Haddad disse que tem mantido contato com Grella Vieira. “Vamos acompanhar a evolução dos eventos, sempre entendendo que o método escolhido (pelos manifestantes) foi o pior possível. Estamos vivendo uma escalada (da violência) que não vai levar a nada. O diálogo levaria a algum lugar”, afirmou. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que ontem chegou de Paris onde estava com Haddad para a apresentação da candidatura de São Paulo para sede da Expo 2020, não se manifestou sobre a tática adotada pelos policiais.

A PM também não se posicionou sobre a conduta dos agentes que trabalharam na operação. Pedestres e motoristas que não participavam do protestos foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. A PM informou apenas que as denúncias de abusos serão investigadas.

No fim da noite, enquanto a manifestação ainda acontecia, Alckmin usou o Twitter para comentá-la. “Depredação, violência e obstrução de vias públicas não são aceitáveis. O governo de São Paulo não vai tolerar vandalismo”, escreveu. O governador aproveitou também para parabenizar Guaratinguetá por seus 383 anos, texto pelo qual foi criticado por usuários na rede social.

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Pela manhã, Alckmin manteve suas atividades em Santos, na comemoração dos 250 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência do Brasil. Na ocasião, descartou a redução da tarifa de trens e metrô e voltou a destacar que quem destruir patrimônio “será punido”.

Sem chance

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Haddad, que passou o dia em reuniões em seu gabinete, no Edifício Matarazzo, de onde pôde observar o início dos protestos, também disse que está fora de cogitação reduzir a passagem na capital. No dia 2 deste mês, as tarifas de ônibus, trem e metrô foram reajustadas de R$ 3 para R$ 3,20.

O prefeito disse que o único sinal que ainda pode dar para o MPL é cumprir os compromissos de campanha, como implementar o bilhete único mensal, criar corredores de ônibus e manter o reajuste das passagens abaixo da inflação. “Houve uma campanha eleitoral e ninguém se manifestou (sobre a tarifa zero). Sempre expressei minha opinião sobre o assunto, me comprometi com reajuste abaixo da inflação.”

Racha. A Juventude do PT emitiu nota para pedir a reversão do aumento e que o governo do Estado faça o mesmo em relação às passagens de trem e metrô. O grupo lembrou que em 2011 lutou contra o reajuste promovido por Gilberto Kassab (PSD), de R$ 2,70 para R$ 3. “Não nos furtaremos deste instrumento (manifestação) para demonstrar nossa indignação e cobrar soluções para as mazelas da população”, disse a Juventude do PT.

Haddad afirmou que são posições individuais de petistas. “Os indivíduos são livres para expressar sua opinião, independentemente de pertencer a esse ou àquele partido. Uma coisa é a opinião individual, outra é a posição partidária.” (Colaboraram Rodrigo Burgarelli e Zuleide de Barros, Especial Para o Estado). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.