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Guerra do tráfico faz novas vítimas na fronteira com o Paraguai

A guerra pelo controle do tráfico de drogas e armas na fronteira entre o Brasil e o Paraguai fez novas vítimas nos últimos dias na região de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Ao menos 25 pessoas foram executadas na região nos últimos cinco meses – 11 apenas este mês. Outras vítimas sobreviveram aos ataques, geralmente praticados por pistoleiros em motos, armados com pistolas automáticas. A polícia diz que algumas mortes podem ser em represália às operações contra o tráfico, mas investiga também possível ação de milícias com envolvimento de policiais.

Nesta sexta-feira, 18, um empresário brasileiro foi atingido por quatro tiros disparados por pistoleiros, em Pedro Juan Caballero, no lado paraguaio da fronteira, mas sobreviveu. Erasmo Airton Anesi, de 46 anos, foi atacado por dois homens de moto quando chegava à sua empresa de produtos agrícolas na rua mais movimentada da cidade. Após o atentado, os atiradores passaram a fronteira e se refugiaram em Ponta Porã. Anesi foi levado para um hospital particular, passou por cirurgia e permanecia internado em estado grave. Policiais brasileiros e paraguaios buscam os suspeitos. A causa do ataque ainda é investigada.

Na quarta-feira, 16, dois homens de nacionalidade paraguaia foram executados na cidade de Capitán Bado, próxima da brasileira Coronel Sapucaia. Eles estavam numa lanchonete quando dois pistoleiros encapuzados entraram atirando. As vítimas, Anibal Acosta Roa, de 23 anos, e Hugo Saul Rodriguez Martinez, de 28, foram alvejadas por vários tiros e morreram na hora. A polícia brasileira, que colabora com a investigação do crime, informou que o alvo era Anibal, suspeito de ligação com narcotraficantes. Martinez era agrônomo em Pedro Juan Caballero e, segundo a polícia, foi atingido apenas porque estava na linha de fogo dos atiradores.

A fronteira vive uma guerra entre narcotraficantes desde junho deste ano, quando o homem considerado chefe do crime organizado na região, Jorge Rafaat Toumani, de 56 anos, foi executado a tiros de metralhadora antiaérea. Organizações criminosas locais tentam impedir que a facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria por trás da morte de Toumani, assuma o controle da distribuição de drogas e armas na região.

Na quinta, 17, uma mulher identificada como Margarita Beatriz Villalba, de 56 anos, foi executada com vários tiros de pistola 9 mm na linha de fronteira entre Capitão Bado e Coronel Sapucaia. A paraguaia era suspeita de passar informações a policiais. Em Pedro Juan, o paraguaio Wilson Eduardo Velazque, de 22 anos, suspeito de ligação com o tráfico, recebeu vários tiros em frente à sua residência, mas sobreviveu.

Ainda na quinta, agentes da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai apreenderam um arsenal em Pedro Juan, quando faziam buscas por entorpecentes. Numa casa, foram encontradas dez armas entre fuzis automáticos e pistolas, além de munição, drogas e 20 telefones celulares. Um suspeito foi preso. No dia anterior, policiais brasileiros interceptaram uma carreta na saída de Ponta Porã com 150 quilos de cocaína e dois fuzis calibres 556 e 265, além de munição. A carga seria levada para Santos, no litoral paulista.

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