Pelo oitavo ano consecutivo, o feriado de 7 de Setembro será marcado pelo Grito dos Excluídos, um manifesto da Igreja Católica por melhores condições sociais e distribuição de renda. No Estado de São Paulo, o Grito será realizado no pátio da Basílica Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba. Cerca de 100 mil pessoas são esperadas para o protesto. O movimento, cujo tema deste ano é ?Soberania não se Negocia?, tem enfoque central no plebiscito sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
Para participar do Grito dos Excluídos, um grupo de 150 pessoas se dispôs a seguir a pé para Aparecida, pela Rodovia Presidente Dutra. Os manifestantes, todos da Igreja Católica, saíram de São Paulo no último sábado e pretendem chegar em Aparecida na sexta-feira à noite. A caminhada tem cunho social e político, segundo seus organizadores, mas sem fazer menção a partidos políticos. ?Se hoje a dificuldade para se conseguir educação, dignidade, emprego, já é grande, com a Alca tudo será mais difícil? afirmou o padre Aécio Cordeiro, um dos cinco sacerdotes da Arquidiocese de São Paulo que participa da caminhada.
Esta é a quinta vez que o grupo percorre os 170 quilômetros entre São Paulo e Aparecida.
Com chapéus, bandeiras e muita água, os fiéis caminham cerca de 30 quilômetros por dia, comem e dormem em ginásios de esporte ou lugares cedidos pelas comunidades católicas. No final de cada dia, o grupo assiste a uma missa e depois passa por uma série de massagens nos pés e nas pernas para agüentar o próximo percurso.
Ontem (03), o grupo dormiu em Caçapava (SP) e hoje passará a noite em Taubaté (SP). Apesar de todo o desgaste físico, os manifestantes parecem não se cansar. ?Neste ano, está mais fácil, porque o sol deu uma trégua e o frio está ajudando?, afirmou a funcionária pública Célia Leme. Os fiéis caminham pelo acostamento, fazendo orações e acenando para os caminhões e motos que buzinam em sinal de apoio ao protesto. ?É impressionante o apoio e a receptividade dos caminhoneiros e motociclistas.?