Os funcionários e professores das três universidades estaduais de São Paulo – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – fazem uma manifestação na tarde desta quinta-feira, 14, em São Paulo. O grupo saiu às 13h20 da Escola de Educação Física da USP, na Cidade Universitária, na zona oeste da capital paulista, e iniciou caminhada em direção ao Palácio dos Bandeirantes, na zona sul, onde fica o gabinete do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

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Segundo o Fórum das Seis , entidade que representa os sindicatos de professores e de funcionários das três universidades estaduais, há cerca de 2 mil pessoas no ato.

No ato, os manifestantes levam um caixão do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp). Foi a decisão do órgão de congelar o salário dos trabalhadores que motivou o início da greve, no dia 27 de maio.

Na semana passada, funcionários da USP tiveram ainda salários cortados. Em protesto a essa medida, um dos principais gritos de reivindicação na caminhada é: “Não tem arrego”.

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Em solidariedade aos grevistas que tiveram salários cortados, entidades das três universidades fizeram doações simbólicas ao fundo de greve do Sintusp, sindicato dos trabalhadores da USP.

De acordo com o coordenador do Fórum das Seis, César Minto, a expectativa é de que o governo estadual receba uma comissão dos manifestantes nesta quinta-feira. “Vamos apresentar ao governo duas propostas para solucionar a crise orçamentária das universidades.Uma de execução imediata e outra de médio prazo, para a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2016.”

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Em um documento que reúne as propostas – que será entregue ao governador -, o Fórum das Seis diz que, se o governo parar de descontar R$ 104 milhões a cada mês da base de cálculo, o aporte de recursos para as universidades estaduais irá para R$ 59,7 milhões. Eles pedem ainda aportes emergenciais de 0,7% a partir de outro deste ano e que seja incluída na LDO de 2015.

Para a LDO de 2016, eles pedem no mínimo 33% da receita resultante de impostos, incluindo recursos provenientes de transferências.

As três universidades vivem crises financeiras. Só a USP, desde o ano passado, tem comprometido mais de 100% dos repasses que recebe do governo estadual com a folha de pagamento.

Sintusp

Segundo o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, a reunião com o a reitoria da USP para negociar sobre o congelamento de salários de grevistas foi cancelada nesta quarta-feira, 13, pelo próprio reitor. Ele afirmou que o projeto da universidade para solucionar a crise, que “inclui o plano de demissão voluntária, o desmembramento dos hospitais, a cobrança de mensalidade e a diminuição da carga horária dos funcionários com equivalente redução salarial, vai acabar com a universidade”. “Isso é o sucatamento da universidade. É destruir para depois privatizar a USP”, afirmou.

Cartazes

Na manifestação, há cartazes contra Zago e Alckmin: “Zago, diálogo não se faz com polícia”; “Alckmin não faça com as estaduais o que você fez com a água”; e “Alckmin, negocie com a educação pública paulista já”. Há faixas de diversas unidades das universidades, como USP Ribeirão Preto, Hospital Universitário da USP e Instituto de Artes da Unesp, entre outros.

Por causa dos fios de energia e de telecomunicações muito baixos e galhos de árvore que invadem até metade das vias, o carro de som do ato passou por diversas vezes próximo à fiação. Manifestantes, fotógrafos e jornalistas tiveram de abaixar para não serem atingidos pelos fios em toda a Avenida Morumbi.

O protesto é pacífico. Alunos das três universidades vieram ao ato, em apoio a funcionários e professores. Também havia professores do Centro Paula Souza, que reúne as escolas técnicas estaduais (ETECs) e as faculdades de tecnologia (Fatecs). Policiais militares cercam o começo e o fim do grupo.

Os alunos comemoram a soltura do estudante e funcionário da USP, Fábio Hideki Harano. “A nossa luta ninguém segura, não quero Alckmin nem sua ditadura”, puxou o coro a diretora do Diretório Central dos Estudantes da USP, Marcela Carbone.