Rio de Janeiro (AE) – A falta de recursos já provocou o cancelamento de duas pesquisas importantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste ano: a contagem da população e o censo agropecuário. Outro problema enfrentado pelo instituto é a greve dos servidores, que estão parados desde julho. Mas a gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, garantiu que a paralisação não tem atrapalhado a tomada de preços do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Segundo o diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE, Renato Quirino, cerca de 70% dos 7 mil servidores do instituto aderiram ao movimento e têm participado de passeatas e piquetes na porta do instituto. Para o IBGE, apenas 20% dos funcionários estão paralisados.
A greve tem provocado o cancelamento até de entrevistas coletivas para a divulgação de pesquisas, com o objetivo de evitar constrangimentos com protestos dos servidores durante a divulgação dos resultados.
O presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, justificou o cancelamento das pesquisas de contagem da população e do censo agropecuário pela alta soma de recursos envolvidos. A contagem da população foi orçada em R$ 480 milhões e o censo agropecuário em R$ 420 milhões, segundo Nunes: ?É mais do que o orçamento de todo o ministério?, disse ele.
O último censo agropecuário foi realizado em 1995 e a expectativa é de que o IBGE conclua o estudo em 2007. O alto custo, explicou Nunes, representa o necessário para que os pesquisadores visitem 5,5 milhões de propriedades agrícolas num território de oito milhões de quilômetros quadrados.
A contagem da população, feita uma única vez em meados da década passada, não deve ser realizada. De acordo com Nunes, a pesquisa não faz parte das prioridades do instituto, que está se empenhando em elaborar uma nova metodologia que reduza custos. A solução seria um recenseamento contínuo, mas que não deve ser posto em prática a curto prazo.