Brasília (ABr) – O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, ficou irritado com uma pergunta sobre a greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luís Flávio Cappio, em protesto contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Ao participar de seminário com servidores públicos no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, Ciro disse que não gostaria de falar sobre o assunto. ?Eu não tenho vontade nenhuma de fazer nenhum comentário sobre a iniciativa do bispo da Barra. Nenhuma vontade. Eu diria apenas que Deus está vendo?, disse, explicando que a afirmação era feita ?com muita seriedade?, pois havia provocado risos na platéia.
Dom Luís entrou em seu quarto dia de greve de fome, em Cabrobó, região onde, segundo o projeto, deve ser construída uma das tomadas de água. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o adiamento das obras para que a sociedade seja consultada sobre o projeto. A CNBB também manifestou apoio à atitude do bispo. Um pouco antes, Ciro disse que debateu o projeto com vários setores da sociedade, inclusive com a CNBB: ?Tive o privilégio de ouvir de dom Geraldo Majella (presidente da CNBB) que o projeto é sério. É o máximo que poderia dizer, pois a Igreja está dividida?, disse Ciro, acrescentando que no Nordeste semi-árido a Igreja é a favor e na região da bacia doadora, contra.
Quarto dia
Ontem entrou no quarto dia a greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luís Flávio Cappio, em protesto contra a integração do Rio São Francisco. Segundo o representante da Comissão Pastoral da Terra em Salvador, Ruben Siqueira, o padre só consome água desde o meio-dia de segunda-feira. Siqueira disse que, até a noite de quarta-feira, quando recebeu as últimas notícias sobre o estado de Cappio, o religioso estava ?consciente e sereno?. ?Ele sentiu a primeira tontura, um sinal de que o organismo se adaptou à falta de alimento e começa a consumir as reservas de energia?, contou Siqueira, que coordena o Projeto São Francisco, desenvolvido pela CPT em parceria com a Comissão Pastoral dos Pescadores.