Greve acaba, mas caos aéreo continua

 Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Filas atravessam o saguão do aeroporto JK, em Brasília.

Brasília – Após quase cinco horas de paralisação do tráfego aéreo brasileiro e de caos nos aeroportos, o governo cedeu às reivindicações dos controladores de vôo e fechou com a categoria um acordo que prevê a gradual desmilitarização da atividade. Diante da promessa, os controladores se comprometeram a restabelecer a normalidade nos aeroportos, mas o caos continuou ontem e a previsão é que apenas terça-feira comece a normalizar.

Segundo o advogado da categoria, Normando Augusto Cavalcante Júnior, o acerto prevê a criação de um plano de carreira para a categoria com o pagamento de gratificação cujo valor não foi divulgado, mas que será depositada já nos próximos dias. As negociações ocorreram na sede do Cindacta-1, em Brasília, onde estavam aquartelados cerca de 120 controladores. O ministro preferiu evitar os jornalistas que esperavam o desfecho da conversa na porta do Cindacta1 – e também dezenas de parentes dos militares, que levavam roupas e alimentos para os controladores que ainda permaneciam aquartelados.

A decisão de abrir negociação com a categoria e barrar a prisão de 18 sargentos insubordinados foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voava para Washington. Na noite de sexta-feira, assim que chegou à capital dos Estados Unidos, onde se encontra com o presidente George W. Bush, Lula telefonou para o vice-presidente José Alencar e para os ministros da Defesa, Waldir Pires, e do Planejamento, Paulo Bernardo. Recomendou que fizessem de tudo para reverter a crise provocada pela paralisação dos controladores de vôo e os lembrou de que o funcionamento do setor aéreo é ?uma questão de segurança nacional?.

Confusões tomam conta dos aeroportos

Brasília e São Paulo (AE) – No aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, o Exército foi convocado para reforçar a fiscalização e impedir que passageiros invadissem a pista ontem cedo. Usuários que tinham vôo com destino a Belo Horizonte invadiram a pista, revoltados pelo fato de a aeronave na qual embarcariam ter sido deslocada para outra rota. Agentes da Polícia Federal também foram acionados.

A confusão não foi exclusividade do Distrito Federal. A situação foi complicada em todos os principais aeroportos do País. Segundo a Infraero, dos 553 vôos previstos para a manhã de sábado, 101 tiveram atrasos superiores a uma hora e 82 foram cancelados.

Os atrasos em Congonhas levaram o consultor João Cristino, cujo vôo vindo de Vitória, no Espírito Santo, pousou em Cumbica, quando deveria fazê-lo em Congonhas. Lá, a TAM colocou os passageiros em um ônibus para translado de aeroporto. Cristino, porém, queria ficar no centro da cidade, mas a ordem ao motorista era deixar todos em Congonhas.

Muito nervoso, ele exigiu que lhe pagassem um táxi para retornar à região central. Como não foi atendido, discutiu com os funcionários do atendimento, no balcão da companhia, e, em dado momento, apanhou um grampeador e atirou contra um dos funcionários.

FAB intervém para Alencar voar

Brasília (AE) – O presidente em exercício José Alencar precisou mobilizar o comando da Aeronáutica para poder voar em direção a Brasília e assumir a administração da crise aérea deflagrada pela paralisação dos controladores de vôo.

Alencar estava em Belo Horizonte para um compromisso oficial, com retorno previsto para Brasília na noite de sexta-feira. Mas pôde decolar em um avião da presidência para Brasília, depois de mobilizar o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.

Diante da paralisação das torres de controle, inclusive na região de Belo Horizonte, Alencar telefonou para o brigadeiro Saito determinando que fossem ?criadas militarmente? as condições para decolagem do avião Legacy da Força Aérea Brasileira, que estava à sua disposição.

Alencar está no exercício do cargo devido à viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Washington neste fim de semana.

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