Greenpeace
Ativistas estenderam faixa em frente a prédio
que abriga reunião que discute comércio
internacional de espécies ameaçadas.

Ativistas do Greenpeace penduraram um faixa em frente ao prédio no qual os representantes de 160 países estão reunidos para discutir o comércio internacional de espécies ameaçadas, em Santiago, no Chile. Dois ativistas desceram do alto de um prédio de 20 andares e abriram a faixa de 10 m de comprimento com os dizeres ?Brasil e Lula: Salvem o Mogno?.

Os delegados presentes à 12.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites) discutirão a proposta feita pela América Central para listar o mogno brasileiro (Swietenia macrophylla, King) no Apêndice II da Convenção. A listagem nessa categoria iria regular o comércio e a exploração do mogno, que pode ser encontrado na América Central, Bolívia, Peru e Brasil, dentre outros.

Paulo Adario, do Greenpeace, está em Santiago desde o início da Conferência e disse que ?o atual governo brasileiro está dividido. O presidente e o ministro do Meio Ambiente dizem que são a favor de proteger o mogno. Mas o Ministério das Relações Exteriores está dando sinais claros de ser contra a listagem do mogno no Apêndice II. Eles apoiam a manutenção do atual status que falhou em proteger o mogno. Isso fez com que o Brasil e a Cites ficassem desacreditados internacionalmente. Será muito embaraçoso se o governo Lula já começar com o pé esquerdo nas questões ambientais?.

No último domingo (3/11), ativistas iniciaram uma vigília em Brasília, ao redor de uma árvore de mogno localizada entre Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura. Ontem, a senadora Marina Silva (PT-AC) visitou os ativistas e afirmou que ?apesar da moratória, ainda existe uma exploração muito significativa do mogno. Minha posição é favorável à inclusão no Anexo II porque as medidas que nós temos hoje no Anexo III não são suficientes para a proteção dessa espécie?. A senadora, do Estado do Acre, têm um longo histórico de defesa do desenvolvimento sustentável da região e proteção à floresta.

Nas últimas duas semanas, autoridades ambientais e a polícia brasileira apreenderam quatro caminhões transportando mogno em Belém (PA), e três containers no porto, prontos para exportar. Todo o mogno apreendido estava registrado como outra espécie. O corte e o contrabando de mogno para outros países continua acontecendo, apesar da moratória à exploração, comércio e exportação, anunciada pelo governo brasileiro em outubro de 2001. Esses fatos demonstram claramente que as medidas atuais de controle por parte do governo para proteger o mogno não estão funcionando.

A Cites irá discutir mais de 50 propostas para aumentar ou reduzir o nível de proteção a um vasto grupo de espécies. Em muitos casos, isso significará decidir entre colocar uma determinada espécies em risco para obter ganhos econômicos a curto prazo ou proteger sua sobrevivência a longo prazo.
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