Os espaços vazios da Câmara foram ocupados por cartazes dos candidatos. |
Brasília – O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), candidato do PT à presidência da Câmara, divulgou ontem uma carta com 21 compromissos de campanha para os anos de 2005 e 2006, caso seja eleito. Uma de suas promessas é "ampliar o quadro permanente de consultores legislativos, com o objetivo de garantir uma melhor assessoria técnica aos deputados, em todas as comissões e no plenário, e a realização de concursos para o preenchimento de vagas no quadro efetivo."
Segundo ele, a plataforma é resultado das contribuições de colegas de diversos partidos e bancadas. Os compromissos estão divididos em quatro grupos: autonomia da Câmara e valorização da iniciativa parlamentar; divulgação da atividade parlamentar; modernização e aperfeiçoamento da infra-estrutura de apoio à atuação parlamentar; e interação com órgãos públicos e sociedade civil.
Mas, apesar de todo o esforço que vem fazendo, Greenhalgh está sentindo na pele os desacertos da relação de alguns ministros do governo com o Congresso. Durante jantar na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), na noite de anteontem, o candidato reclamou da falta de empenho de setores do governo. As queixas feitas por Greenhalgh tiveram o respaldo de líderes dos partidos aliados que centraram os ataques nos ministros da Saúde Humberto Costa, e da Integração Nacional, Ciro Gomes. "Eu estou pagando por coisas que o governo promete e não cumpre", reagiu Greenhalgh.
O desabafo do candidato ao comando da Câmara foi presenciado pelos ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Coordenação Política, Aldo Rebelo, convidados para o encontro de balanço da campanha entre Greenhalgh e líderes de seis partidos governistas. A maior preocupação é evitar que a disputa pelo comando da Câmara fique para um segundo turno, desgastando politicamente o governo.
Os líderes do PMDB, PL, PP, PSB, PC do B, tiveram uma conversa franca com o candidato, apontando os problemas de cada bancada. Mesmo em meio às dificuldades políticas, o candidato teria 253 votos, incluindo 25 oriundos do PFL e PSDB. Mas, pelas contas dos mais pessimistas, fechados mesmo Greenhalgh tem 220 votos. "Luiz Eduardo é o candidato do governo e precisamos ganhar", enfatizou o ministro José Dirceu, que classificou de "inominável" o comportamento do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) de se lançar como candidato avulso, contrariando decisão partidária.
Se não bastassem as reclamações com o governo, os líderes apontaram a indisciplina no PT como outro motivo para o enfraquecimento da candidatura de Greenhalgh nas bancadas. Na tentativa de consolidar o nome do petista, será montado um plantão em Brasília a partir da próxima quinta-feira e os líderes se comprometeram a orientar as bancadas a votarem em Greenhalgh.