Grampos revelam plano da quadrilha da merenda para ‘atacar outras cidades’

Interceptações telefônicas da Operação Alba Branca indicam que a organização criminosa suspeita de fraudar licitações da merenda escolar e superfaturar produtos agrícolas e suco de laranja planejava se infiltrar em outras prefeituras de São Paulo e de outros Estados, como Bahia, Paraná, Rio e Minas Gerais, por meio da cooptação de servidores e gestores municipais.

A investigação mostra que pelo menos 22 administrações municipais paulistas já haviam fechado negócio com a Coaf, cooperativa apontada como carro-chefe das fraudes que também mirava em contratos da Secretaria da Educação do Estado.

Um resumo de 53 grampos anexado a relatório da Polícia Civil destaca intensa atividade do grupo em dezembro, sob coordenação do lobista Marcel Ferreira Júlio. Foragido desde que a Alba Branca foi deflagrada, em 19 de janeiro, Marcel conversa e orienta outros alvos, principalmente o então diretor financeiro da Coaf, César Bertholino.

“O saque foi em cima do dinheiro do Estado”, diz Bertholino, em diálogo de 10 de dezembro com Marcel, sem especificar detalhes. O lobista diz que “foi protocolar documento na Secretaria”.

A investigação mostra que Marcel e o ex-presidente da Coaf Cássio Chebabi circulavam por gabinetes de deputados na Assembleia Legislativa, cujo presidente, Fernando Capez (PSDB), é alvo do inquérito – a Procuradoria-Geral de Justiça requereu a quebra dos sigilos bancário e fiscal do tucano.

A estratégia da organização para 2016 incluía precauções como o sigilo das comunicações. Interceptação do dia 15 de dezembro pegou “Carioca” pedindo a seu interlocutor, “Carlinho”, o “modelo de contrato e de chamada pública”. “Carlinho” sugere o uso do aplicativo Telegram, “pois é mais seguro para este ramo que trabalham”.

Em grampo de 23 de dezembro, “Carlinho” fala com Bertholino sobre pagamento realizado em um município da Grande São Paulo e dos planos da organização. Eles falam em “atacar outras cidades para ganhar dinheiro e sustentar a cooperativa”.

Capez nega ligação com a quadrilha. O governo do Estado já abriu investigação, a cargo da Corregedoria-Geral da Administração. A Secretaria da Educação tem afirmado que colabora com as investigações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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