Grampo levou à prisão de ladrões do Masp

Surgiu de um grampo telefônico a primeira pista da polícia para desvendar o paradeiro das telas de Picasso e Portinari furtadas do Masp, na Avenida Paulista, no dia 20. No rastro de uma quadrilha envolvida no assalto a um carro-forte, investigadores do Departamento de Investigações Sobre Crime Organizado (Deic) ouviram de um dos suspeitos monitorados a menção ao Masp num telefonema. O Deic prendeu Francisco Laerton Lopes de Lima, de 33 anos, e, a partir dele, chegou ao comparsa, Robson de Jesus Jordão, de 32, e ao ?cativeiro? em que os quadros estavam escondidos, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.

A polícia tenta agora capturar Moisés Manoel de Lima, terceiro integrante do grupo que invadiu o museu, cuja identidade foi revelada ontem. O bando é apontado como executor de um plano arquitetado por mais uma ou duas pessoas, que teriam determinado quais obras deveriam ser subtraídas. Embora o Deic tenha fortes indícios de que o crime foi encomendado por R$ 5 milhões, a Polícia Civil investiga uma tentativa de extorsão ao museu. No dia 3, uma carta endereçada ao presidente do Masp, Julio Neves, pedia US$ 10 milhões de resgate pelas telas.

As exigências iniciais eram típicas de seqüestro, como a de que a polícia e a imprensa ficassem longe do caso. O texto mandava a direção do museu publicar um anúncio num jornal do Vale do Paraíba, em 15 de janeiro, com os dizeres: ?Está à venda uma fazenda que pertenceu a Cândido Portinari.? O comunicado deveria conter ainda o número de um telefone celular para que os criminosos pudessem dar continuidade às negociações. Só depois disso eles enviariam fotos comprovando que estavam com as telas. O que a polícia quer saber é se os próprios ladrões eram os remetentes da carta ou se o museu foi alvo de golpistas. Antes de serem levadas para Ferraz, as obras foram escondidas em outra casa. Ao ser preso, Jordão, foragido da Justiça, admitiu aos investigadores que já se preparava para transferi-las para um terceiro endereço.

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