Sem alarde, o governo voltou a propor ao Congresso Nacional a regularização dos sacoleiros, com a criação de um regime tributário especial. Essa proposta havia sido apresentada em junho, na forma de uma medida provisória que ficou conhecida como a MP dos Sacoleiros. Porém, o próprio governo revogou a MP, numa manobra cujo objetivo era "limpar" a pauta de votação da Câmara, de forma a acelerar a votação da proposta de prorrogação da cobrança da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF).

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Ontem, o mesmo texto da MP dos Sacoleiros, com pequenas alterações, foi reapresentado ao Congresso, na forma de projeto de lei, com pedido de votação em regime de urgência. A mudança de instrumento legal foi necessária porque o governo não pode apresentar duas MPs de igual teor num mesmo ano. "Essa proposta é um grande absurdo", reagiu o presidente do Instituto Brasil Legal, Edson Vismona. "É um passo atrás num processo no qual deveríamos avançar, defendendo o mercado brasileiro."

O regime dos sacoleiros foi criado para atender à pressão do governo paraguaio. Em junho, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o país vizinho, havia um clima de grande tensão na Ponte de Amizade, pois a Receita vinha apertando a fiscalização. O presidente, então, prometeu medidas para facilitar o comércio bilateral. No texto explicativo do projeto de lei enviado ao Congresso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que o objetivo do regime proposto é "normatizar o comércio fronteiriço do Paraguai com o Brasil" e "fomentar o crescimento do fluxo bilateral de comércio.

A proposta prevê que os sacoleiros, transformados em microempresários, serão autorizados a trazer legalmente do Paraguai um determinado volume de mercadorias, pagando uma alíquota única de 42,5% na fronteira. A Receita admitia a possibilidade de fixar um teto de até R$ 10 mil por mês, proibindo mercadorias como armas e drogas e também CDs e DVDs.

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