O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Nelmon Oliveira da Costa, afirmou nesta quarta-feira (7), em audiência pública no Senado, que foram reprovados 21 milhões de litros de leite no ano passado. Esse produto estava fora dos padrões determinados pelo Ministério da Agricultura. A comprovação foi feita após análise de laboratórios. Segundo ele, outros 113 milhões de litros de leite foram aproveitados na produção de doce de leite e de outros produtos, sem risco para os consumidores
O diretor disse, ainda, que no caso das cooperativas mineiras, que são acusadas de misturar soda cáustica e água oxigenada ao leite, houve "má-fé" porque as envolvidas na fraude adotaram mecanismos que impediram que o governo descobrisse a mistura irregular. De acordo com ele, o governo avaliava as fraudes relacionadas ao uso de sacarose, soro, água e amido no leite. "Não pesquisávamos a mistura com soda cáustica", afirmou. Ele lembrou que a soda cáustica é usada no processo de higienização nos tanques de leite.
Stephanes
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o ministério está preocupado com a crise do leite, porque o prejuízo acaba sempre ficando com os produtores. No Brasil, 1 milhão de produtores trabalham com leite. O ministro também disse que há dois sistemas de produção de leite no País. No primeiro, a produção é destinada ao abastecimento do mercado local. No sistema industrial, o rigor é maior e a fiscalização prima pelos aspectos de higiene e qualidade.
O diretor do Departamento de Defesa do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita Wada, citou um acordo fechado no último mês de maio com o Ministério da Agricultura. O objetivo do acordo é permitir a análise do leite que está na gôndola dos supermercados. No mês de junho, os Procons estaduais dos Estados de Goiás, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins recolheram 57 amostras de tipos de leite. Os resultados mostraram que 18 produtos estavam em desconformidade com os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. A fiscalização no processo de produção, lembrou ele, é de competência do Ministério da Agricultura.
