Governo reafirma indignação com tratamento dado a brasileiros na Espanha

Brasília – O subsecretário geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Ministério das Relações Exteriores, Oto Agripino Maia, afirmou nesta sexta-feira (7) que o governo brasileiro está indignado com o tratamento recebido pelos brasileiros na Espanha e que poderá aplicar o princípio da reciprocidade caso as autoridades espanholas não demonstrem "boa vontade" para resolver os problemas relatados pelos cidadãos que foram inadmitidos no país.

"Vamos esperar o tempo que for necessário para que observemos mudanças na atitude espanhola e de outros países da União Européia com relação a admissão de brasileiros. Isso pode ser um tempo curto, esperamos que seja. Mas, se demorar, teremos que nos ocupar desse assunto com mais urgência", disse.

De acordo com o diplomata, ainda não houve por parte do governo espanhol nenhuma proposta concreta de solução para o caso. "No plano diplomático já utilizamos todas as armas do arsenal existente. Temos uma reserva: a reciprocidade", afirmou.

Oto Maia reconheceu que os países são soberanos na decisão de admitir ou não estrangeiros em seu território, mas ressaltou que é "inaceitável" tratá-los como as autoridades da Espanha trataram os brasileiros.

"Que o cidadão brasileiro seja mandado de volta no mesmo vôo já é uma experiência traumática e constrangedora, mas que ele tenha que ser recolhido a cubículos, com comunicabilidade restrita, sem água, sem comida, sem ventilação, isso é inaceitável. Isso viola princípios humanitários".

O subsecretário negou que a repatriação de turistas espanhóis ontem (6) tenha sido uma retaliação por parte do governo brasileiro. "Ouvi da Polícia Federal que foi uma coincidência, uma simples aplicação das normas brasileiras. Não é reflexo de natureza política ou da nota que foi emitida pelo Itamaraty", afirmou. "Tenho que acreditar", acrescentou.

Oto Maia afirmou que o procedimento de "devolver" brasileiros não acontece só na Espanha, mas em outros países da Europa. De acordo com o Itamaraty, cerca de 15 mil brasileiros foram repatriados em 2006, após serem impedidos de entrar em países da União Européia.

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